Google diz a Maia que incluir buscadores em PL não detém fake news

Empresa americana enviou carta ao presidente da Câmara em resposta a entidades de comunicação que pedem inclusão de sites de buscas em projeto de lei contra notícias falsas
Bruno Felix01/09/2020 16h47, atualizada em 01/09/2020 17h51

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O projeto de lei (PL) de combate às fake news segue repercutindo, e atraiu a atenção do Google. A gigante das buscas encaminhou uma carta ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nesta segunda-feira (31), contestando a efetividade de incluir os mecanismos de buscas no projeto. A medida é uma resposta à iniciativa de 27 entidades de comunicação, que formaram uma coalizão em busca de apoio às medidas de combate a notícias falsas. A coalizão solicitou a Maia, também através de carta, a inclusão do Google e outros buscadores no PL.

Em seu comunicado ao parlamentar, o Google afirma que a medida seria “prejudicial ao combate à desinformação ao limitar acesso a uma variedade de fontes de informação. Além disso, consideramos que simplesmente incluir as ferramentas de busca no projeto de lei, sem a devida consideração do conjunto de ações concretas que temos realizado para combater a desinformação em todas as nossas plataformas, poderia fazer com que a futura lei já nascesse obsoleta.”

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Projeto de lei contra a disseminação de fake news está tramitando no congresso. Crédito: sdecoret/Shutterstock

No ponto de vista das integrantes da coalizão, entre elas a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), os mecanismos de busca coletam dados dos usuários e veiculam anúncios, e por isso deveriam figurar no projeto de lei, inclusive também por serviços futuros, como assistentes virtuais, o que poderia engessar a lei. Na sua carta, as entidades reforçam, ainda, que não são contrários à remuneração de conteúdos jornalísticos, “seja com publicidade ou coleta de dados pessoais”, pois isto “serve de motor de engajamento das grandes plataformas mundiais”.

Transparência, lucros e o Sleeping Giants

O lucro obtido pelo Google com conteúdo jornalísticos, inclusive, foi um ponto rebatido pela empresa, que diz que receber um valor “muito pequeno” pelos conteúdos de notícias. “Em resumo, as empresas de notícias acessam um volume sem precedentes de leitores, uma audiência que elas podem monetizar por meio da exibição de anúncios em seus sites, além de alcançar novos leitores e assinantes em potencial”.

As entidades de comunicação apontaram que várias empresas têm deixado de investir em publicidade na plataforma de buscas por falta de transparência na retirada de publicações, algo que teria sido evidenciado pelo movimento Sleeping Giants. Em resposta, o Google diz que o relatório de transparência de 2019 indicou que foram bloqueados e removidos 2,7 bilhões de anúncios em todo o mundo, alegando ser claro em sua política de remoção de anúncios.

Fonte: Folha de S. Paulo

Colaboração para o Olhar Digital

Bruno Felix é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital