Em um editorial pago publicado ontem no jornal Financial Times, o Google anunciou quatro medidas que adotará para combater o terrorismo em suas plataformas – especialmente o YouTube. O texto também foi postado no blog internacional da empresa.

Segundo a companhia, trata-se de um problema internacional que, por enquanto, nenhuma grande empresa de tecnologia conseguiu resolver de maneira satisfatória. Também por isso, o Google anunciou a criação de um fórum internacional com outras gigantes do setor – Microsoft, Facebook e Twitter – para criar tecnologias e dar suporte a empresas menores no combate ao terrorismo.

Identificar e remover

Primeiramente, o Google aumentou os recursos tecnológicos que usa para identificar vídeos extremistas e relacionados a terrorismo. Trata-se, como a empresa aponta, de algo difícil, já que um mesmo vídeo pode ser tanto uma cobertura jornalística e informativa quanto uma propaganda terrorista, dependendo do contexto. A empresa diz que mais de 50% do conteúdo terrorista que ela tira do ar são detectados por máquinas, e que investirá mais em engenheiros para aumentar esse número.

Mas, ao mesmo tempo, a empresa investirá em denunciadores independente do YouTube. A plataforma de vídeos já tem um programa de “monitores” de vídeos violentos, e o Google pretende expandi-lo acrescentando outras 50 ONGs às 63 que já fazem parte da iniciativa. Além disso, essas pessoas também receberão bolsas e outras ajudas pelo trabalho. Segundo o Google, os usuários que fazem parte desse programa identificam vídeos violentos ou odiosos com precisão superior a 90%, contra apenas cerca de 50% dos demais usuários.

Contra-ataque

A terceira medida adotada pela empresa foi uma postura mais rígida contra conteúdos potencialmente odiosos. Vídeos que se encaixem nessa categoria não poderão ser monetizados e virão com um aviso no começo. Eles também não poderão ser recomendados ou ter comentários, o que deve reduzir o seu nível de engajamento. A empresa já falou mais sobre essa medida no começo do mês.

Finalmente, a empresa também comunicou que está trabalhando numa medida para “contra-atacar” os terroristas. Será um método de redirecionamento para usuários que buscam vídeos de recrutamento ou imagens terroristas. Esses usuários serão redirecionados a conteúdo antiterrorista que tem o objetivo de fazê-los mudar de ideia sobre se unir a esses grupos. Segundo a empresa, os recrutas em potencial já clicaram nas propagandas antiterroristas numa taxa acima do normal, e assistiram a mais de 8.000 horas de vídeos assim.

Não é à toa que o Google está investindo em recursos desse tipo. Junto com o Facebook e o Twitter, a empresa já foi processada na Europa por não fazer o suficiente para impedir a disseminação e o acesso a vídeos terroristas. Desde então, as empresas se mobilizaram mais nesse sentido, o que pode ter motivado terroristas a desenvolver sua própria rede social.