Já é fato conhecido que diferentes condições podem alterar os pontos de fusão e ebulição da água. Em grandes altitudes, onde o ar é rarefeito e a pressão exercida é mínima, é necessário menos energia para ferver a água; da mesma forma, quando a pressão é alta, é preciso de um pouco mais de calor para tal. No entanto, os cientistas do MIT sacudiram totalmente esses conceitos ao anunciar que conseguiram congelar a água em temperaturas em que ela deveria estar borbulhando.
O feito foi alcançado usando nanotubos de carbono, cuja espessura não é muito maior do que algumas moléculas de água. Dentro deste espaço, os cientistas foram capazes de alterar as propriedades de ebulição e congelamento da água. Segundo um artigo científico publicado pelo MIT, a descoberta mostra que até mesmo materiais familiares podem ter comportamentos incomuns quando colocados dentro de estruturas de tamanhos nanométricos.
Durante os testes, a água solidificou à temperatura de 105° Celsius, enquanto a temperatura de ebulição da água no nível do mar é de 100°C. Os cientistas já esperavam uma mudança de comportamento do material, mas não de uma forma tão intensa.
Contudo, apesar de o resultado mostrar que a água definitivamente entrou em estado sólido, os cientistas ainda relutam em chamá-la de gelo. Isso porque o termo “gelo” implica uma estrutura cristalina que o experimento não conseguiu verificar de forma conclusiva dentro dos nanotubos. “Não é necessariamente gelo, é uma fase ‘tipo gelo’”, diz Michael Strano, professor de engenharia química no MIT.
As aplicações disso podem ir além de apenas uma curiosidade. O comunicado do MIT cita como possível exemplo fios preenchidos com gelo, que tiram proveito das propriedades térmicas e elétricas do gelo, só que com a vantagem de se manterem estáveis na temperatura ambiente.