Galeria de arte abre primeira exposição sobre a história da selfie

Redação31/03/2017 13h17, atualizada em 31/03/2017 13h51

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A prestigiosa Saatchi Gallery, de Londres, inaugurou hoje uma exposição que inclui desde pinturas de artistas renomados como Van Gogh e Rembrandt até uma foto de um macaco sorridente. Mas todas as obras têm algo em comum: são autorretratos, ou “selfies”, como os chamamos atualmente.

Chamada de “From Selfie to Self-Expression” (algo como “Da Selfie à Autoexpressão”), a mostra tem o intuito de mostrar como a relação das pessoas com a própria imagem mudou ao longo do tempo. Ao todo, ela ocupa dez salas diferentes em dois andares da galeria.

Selfie em óleo sobre tela

Um dos objetivos da exposição, segundo os curadores, é ajudar a aproximar os visitantes das obras expostas. Isso aparece desde o começo: ela abre com uma série de autorretratos de pintores famosos, como Picasso, Munch e Frida Kahlo. Mas, ao final dessa parte, o visitante pode votar em qual desses quadros é a sua “selfie” favorita.

Depois disso, as obras vão incluindo fotografias e autorretratos menos convencionais. Dentre as curiosidades que fazem parte da mostra está aquela que é considerada a primeira “selfie” da história (tirada em 1920 por cinco homens em Nova York) e algumas das selfies tiradas por macacos que roubaram equipamento do fotógrafo David Slater.

Autorrepresentação

No entanto, a exposição também aborda os aspectos mais filosóficos que a possibilidade de se retratar a qualquer momento traz – mesmo antes dos smartphones. Uma obra que aborda isso é a foto “Nan One Month After Being Battered”, da artista Nan Goldin. A foto mostra Goldin toda machucada após apanhar de um namorado, e foi tirada pela própria artista para que ela não se esquecesse da dor que ele lhe causou.

O artista colombiano Juan Pablo Echeverri também contribui com obras que vão nesse sentido. Desde o ano 2000, ele visita diferentes cabines de foto três por quatro com trajes diferentes para fotografar-se, e a mostra inclui 50 dos milhares de autorretratos que ele fez desde então.

Não se pode ignorar

Em entrevista ao Guardian, o diretor da galeria, Nigel Hurst – que foi quem teve a ideia da exposição -, disse que espera que ela seja vista como uma maneira divertida de abordar assuntos sérios. “Galerias de arte ainda podem ser lugares bem intimidantes, e nosso papel é bem simples – trazer a arte contemporânea e a forma como imagens são feitas atualmente a um público mais amplo. Coisas como selfies são um ótimo ponto de entrada”, disse.

Fora isso, ele também acredita na importância das selfies como meio de expressão. “No século 16, só artistas tinham a habilidade, as ferramentas e os materiais para criar autorretratos; agora, todos nós temos isso em nossos smartphones”, destaca. Essa acessibilidade faz das fotos que as pessoas tiram de si mesmas um meio artístico bem diferente dos demais: “A selfie é, de longe, a forma mais expansionista de autoexpressão visual, quer você goste ou não. O mundo da arte simplesmente não pode ignorá-la”, comenta.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital