5G: Entenda o que é e como ele pode mudar o mundo

Redação27/07/2018 20h17, atualizada em 29/07/2018 20h30

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O 5G ainda não estreou, mas está cada vez mais perto: espera-se que as primeiras aplicações aproveitando o novo padrão de internet móvel comecem a ser lançadas no ano que vem. A perspectiva em torno da tecnologia é das mais otimistas. Um estudo da Qualcomm divulgado ano passado prevê que o 5G gere 22 milhões de empregos e produza até 12,3 trilhões de dólares em bens e serviços até 2035. Essa expectativa é partilhada por outras empresas de tecnologia, como a Intel, que vê no conceito a chave para popularizar ainda mais a internet das coisas.

Mas você está por dentro do que é o 5G? Sabe quais as diferenças dele para o 4G, além, claro, da velocidade? Preparamos um guia explicativo sobre o conceito para esclarecer alguns dos principais pontos relacionados ao padrão de internet móvel – incluindo um dicionário com alguns dos termos técnicos mais usados. Confira a seguir:

O que é 5G?

“Há várias formas de se ver o 5G”, disse Helio Oyama, diretor de gerenciamento de produtos da Qualcomm no Brasil, em conversa com o Olhar Digital. Segundo ele, o 3G foi um prenúncio para a internet móvel, que só se tornou realidade mesmo com o 4G. O 5G, para o executivo, é, de certa forma, a consagração do conceito.

Quão mais rápido ele é do que o 4G?

Com o LTE Advanced Pro (o 4.5G), a velocidade pico chega, em teoria, nos 3 Gb/s, segundo as especificações do 3GPP, organização responsável pelos padrões nas telecomunicações. O 5G aumenta isso consideravelmente, chegando aos 20 Gb/s teóricos, de acordo com Oyama. Mas da mesma forma que acontece com o padrão atual, essa velocidade depende muito da frequência em que opera e também do cenário. Os 20 gigabits são só alcançados nas bandas mais altas, de ondas milimétricas (mmWave), onde há maior largura de banda, mas também menor penetração. Nas mais baixas, o 5G ainda é notavelmente mais rápido que o 4.5G, mas o pico é menor.

Reprodução

Quais as aplicações práticas dele?

O 5G tem um foco um pouco diferente do 4G. Ainda que ofereça velocidades mais altas, o padrão deverá ser muito aproveitado em aplicações de “missão crítica”, como explica o executivo da Qualcomm. Entram nessa lista os carros conectados, que hoje funcionam de forma limitada, e o maquinário industrial, atualmente todo conectado por cabos, por exemplo.

Segundo Oyama, são áreas que precisam de muito mais confiabilidade do que a oferecida pelo 4G hoje. Além desse fator confiança, com a expansão da internet das coisas, o mundo precisará de uma rede não simplesmente mais rápida, mas sim mais estável, com suporte a um grande número de dispositivos conectados. O executivo acredita que o 5G será tão importante no futuro quanto a infraestrutura elétrica é hoje.

Por que ele é mais confiável que outros tipos de conexão?

Basicamente porque o padrão 5G prevê múltiplas conexões simultâneas. Se a conexão de um hotspot Wi-Fi cai, os dispositivos conectados a ele simplesmente ficam sem internet. No caso do 5G, um único aparelho poderá se ligar a mais de uma estação rádio base, ponto de acesso ou hotspot. Se uma dessas conexões falha, há outra para se conectar.

O que é preciso para implementá-lo?

O primeiro passo é a alocação das frequências. O padrão pode usar as bandas abaixo de 6 GHz e também as faixas de ondas milimétricas, em torno de 30 GHz. No Brasil, a Anatel já discute o uso dos 3,5 GHz – aproveitados hoje pela TV aberta via satélite – para o 5G, mas ainda não fala em alocar as frequências mais altas. Segundo reportagem do Telesíntese, apenas EUA e Coreia do Sul reservaram a banda de 28 GHz para a internet móvel.

Reprodução

Fora isso, os países que pretendem ter cobertura 5G também precisam ter toda a infraestrutura. Isso inclui estações rádio base, rede e equipamentos de transmissão adequados para chegar nos 20 gigabits (small cells e remote radio heads, por exemplo).

Além disso, os aparelhos do lado dos consumidores também precisam ser compatíveis com o padrão. A Qualcomm anunciou um modem e um módulo de antena compatíveis com 5G recentemente, e a Intel já tem alguns tem chips focados em internet das coisas disponíveis, antecipando um eventual “boom” do conceito provocado pela popularização do padrão.

Um breve dicionário de termos

Ficou na dúvida sobre algum dos termos mencionados acima? Explicamos, de forma mais resumida, os principais aqui.

– Frequência: Medida em hertz, indica o número de ocorrências de um determinado evento em um intervalo de tempo – no caso do 3G, do 4G e do 5G, cujos sinais são ondas eletromagnéticas, ela indica as oscilações elétricas e magnéticas por segundo (abaixo a representação gráfica). Cada uma das tecnologias ocupa diferentes faixas de frequência: o 4G começa nos 450 MHz, enquanto o 5G tem suporte às faixas abaixo do 6 GHz e a onda que podem passar dos 30 GHz. No caso da internet móvel, o valor está intimamente relacionado à largura de banda disponível (quanto mais alto ele for, maior ela é) e também ao alcance (quanto mais alto ele for, menor ele é).

– Largura de banda: De forma simplificada, indica a capacidade de transmissão de dados que uma operadora pode enviar em uma determinada faixa de frequência: quanto mais “espaço” ela puder ocupar, mais informações a empresa conseguirá enviar. Nos espectros menores, de maior alcance, a banda já foi quase toda tomada por diversos sistemas, deixando pouco lugar para a internet móvel – Oyama, da Qualcomm, explica que as operadoras puderam pegar no máximo 20 MHz. “Agora, nas frequências mais altas, elas poderão usar 100 ou 200 MHz, dependendo do país.”

– Ondas milimétricas: O comprimento de uma onda é calculado ao dividir a velocidade da luz no vácuo (cerca de 300 mil Km/s) pela frequência da dita onda. As milimétricas (conhecidas também como mmWaves), portanto, são as das faixas de frequência mais altas (em torno de 30 GHz, como mencionado acima). Seu tamanho reduzido faz com que a penetração e o alcance delas sejam mais baixos. Em compensação, a largura de banda é maior nessas faixas – o que faz com que o 5G possa ser mais rápido.

– Small cells (acima): De forma resumida, são as versões menores das macro cells, aquelas antenas enormes que normalmente ficam em cima dos prédios. As small cells são usadas para cobrir ambientes internos e para aumentar a capacidade de uma rede, e terão um papel importante na popularização do 5G – afinal, sem elas o alcance da tecnologia, que funciona em frequências mais altas, fica bem comprometido.

– Remote radio heads: Uma estação rádio base é dividida em duas partes, e uma delas é o sistema de rádio, com moduladores, filtros e outros componentes. Uma remote radio head, como o nome sugere, é basicamente um sistema de rádio ao qual a base da estação se conecta remotamente por fibra. Elas são usadas para dar flexibilidade de implementação a uma rede de celular, segundo Oyama.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital