As relações de trabalho estão em constante mudança desde que se estabeleceram. O modelo no qual trabalhadores(as) atuam em fábricas ou escritórios por períodos indeterminados, já está desgastado e uma estrutura mais adaptável ao(a) profissional e às necessidades específicas de diferentes momentos vem ganhando cada vez mais força no mercado. Paralelamente a isso, a transformação digital, proporcionada pela inteligência artificial, machine learning e robôs, acelera o que chamamos de Futuro do Trabalho. No entanto, a tecnologia não é a única responsável por moldar as novas relações de trabalho. Isso porque as próprias pessoas e empresas, ao acompanharem essas transformações, mudaram de perspectiva, interesses e propósitos.
Com isso, a realização do trabalho dividido em projetos está ganhando cada vez mais espaço nas empresas. Quando uma demanda é identificada, por exemplo, uma equipe de experts (composta por pessoas diferentes e com habilidades complementares) é montada e trabalha em conjunto durante o tempo necessário para desempenhar as tarefas daquele projeto. Depois, o time se desfaz. Apesar de ter surgido na indústria cinematográfica, com o Hollywood Model, essa alternativa ao modelo corporativo tradicional encaixa-se perfeitamente em qualquer área.
Se nos basearmos no modelo de Hollywood, o futuro do trabalho será aquele em que os(as) profissionais terão de pensar, principalmente para criar experiências positivas, mesmo se executarem atividades que são, normalmente, consideradas menos estratégicas. O trabalho de atender clientes em uma recepção, por exemplo, é visto como operacional, mas cada vez mais haverá a exigência de criatividade dos(as) profissionais recepcionistas para que consigam lidar com situações adversas. Portanto, os(as) profissionais que não conseguirem acompanhar processos mais rápidos, dinâmicos e fluidos, ficarão para trás no mercado de trabalho.
O futuro do trabalho que leva em consideração o modelo de Hollywood também é sob demanda, mas composto por uma rede de especialistas. Além de capacidades técnicas, são demandados aspectos comportamentais, chamados de soft skills. Empatia, resolução de conflitos, capacidade de negociação, trabalhar bem em equipe e bom relacionamento interpessoal são exemplos disso e, profissionais que possuam essas habilidades destacam-se muito em relação aos(às) demais.
O que muda para os(as) profissionais
Para se adaptarem ao futuro do trabalho e serem atraentes para o mercado, os(as) profissionais terão que desenvolver seu próprio branding pessoal. Terão que organizar, de maneira apresentável, um histórico a respeito da própria atuação, o que vai muito além de um curriculum vitae ou de um portfólio atualizado. Esse documento, que é uma espécie de registro de reputação, deve destacar experiências, valores e propósitos, além de resultados gerados.
São os(as) próprios(as) profissionais que escolhem os projetos que querem contribuir e isso aumenta o engajamento, comprometimento e a necessidade de saberem vender às suas habilidades e conhecimentos. Então, quando essas habilidades forem altamente procuradas, os(as) profissionais estarão em uma posição confortável de negociação. Assim, têm maior poder de escolha a partir da abundância de opções. Porém, é necessário estar nas redes corretas e relacionando-se com as pessoas certas. A tríade reputação-conexão-oportunidades estabelece uma relação diretamente proporcional.
Além de terem maior flexibilidade de escolha e de rotina porque podem atuar em home office, torna-se muito mais tangível para essas pessoas um aumento de receita, principalmente quando comparado ao mercado convencional, além de conseguirem conectar seus propósitos de carreira aos de vida.
O que muda para as empresas
De acordo com um estudo realizado em 2016 pela SAP Consultoria, cerca de 68% das empresas do Brasil praticam o trabalho remoto. Segundo a pesquisa, as empresas disseram que entendem esse modelo como uma prática de “gerenciamento baseado em resultados, ao invés da presença física”. A partir desta alteração de mindset, as companhias afirmaram observar benefícios em engajamento, satisfação e produtividade ao permitirem que os colaboradores atuem dessa forma.
Outro ponto positivo é a aplicação de outras abordagens e metodologias baseadas em pesquisa, o que tornam o processo de contratação muito mais ágil e eficiente, contribuindo com o RH para solucionar problemas comuns de recrutamento, seleção e turnover.
Portanto, a corporação passa a contar com uma elasticidade maior das equipes, que acompanham as demandas variáveis do mercado e que, por isso, extrai o máximo da capacidade produtiva de uma pessoa.