Funcionários do Google se demitem devido a projeto militar da empresa

Renato Santino14/05/2018 20h43

20180404214944

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Cerca de um mês atrás, funcionários do Google publicaram um manifesto no qual criticavam abertamente a empresa pela participação no Project Maven, em parceria com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Agora, cerca de uma dúzia empregados decidiram pedir demissão diante da participação da companhia em projetos militares, como relata o site Gizmodo.

Se você não acompanhou o caso, o Project Maven utiliza a inteligência artificial do Google para agilizar a análise de vídeo coletado com drones, reconhecendo objetos e pessoas de interesse nas gravações e minimizando a intervenção humana no processo.

No manifesto, os funcionários mencionavam o já antigo e famoso lema “Don’t be evil” (“Não seja mau”). A crítica, na ocasião, é de que a colaboração para criação de tecnologia para vigilância militar pode ter resultados letais, o que “não é aceitável” e pode “sujar a imagem do Google e sua capacidade de competir por novos talentos de forma irreparável”.

Os funcionários não criticavam apenas a participação do Google no projeto, mas também se mostravam insatisfeitos com o uso de tecnologia para uma tarefa como essas, acreditando que algoritmos não devem ser responsáveis por ações como essa. “Não podemos ignorar os vieses da nossa indústria, quebras de confiança e falta de garantias éticas. Essas são questões de vida ou morte”, dizia a petição.

Em contato com o Gizmodo, os funcionários relatam que o Google se mostrou irredutível e ignorou as manifestações de seus trabalhadores sobre o tema. “Nos últimos meses, eu fiquei cada vez menos impressionado com a resposta e a forma como as preocupações das pessoas estão sendo tratadas e escutadas”, afirmou um dos empregados que anunciou sua demissão.

A defesa do Google sobre este caso é o fato de que o Maven não é um projeto com fins ofensivos, mas a alegação não foi muito bem aceita pelos funcionários. O motivo é simples: a tecnologia ainda é usada para fins militares e pode ser usada para auxiliar de forma indireta em ações letais, como identificação de um alvo que pode ser o ponto de partida para um ataque.

O número de funcionários que se demitiram é relativamente pequeno, já que o Google é uma companhia com mais de 70 mil trabalhadores espalhados pelo mundo. No entanto, eles são uma amostra muito maior de empregados insatisfeitos, considerando que pelo menos 4.000 pessoas assinaram o manifesto. Não seria surpresa se o problema se agravasse com o passar dos meses.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital