Funcionários do Google de todo o mundo deixaram os escritórios e organizaram manifestações em diversos países na manhã desta quinta-feira, 1. O chamado #GoogleWalkout é um protesto contra recém-descobertos casos de assédio sexual envolvendo figurões da corporação.
O movimento “Google Walkout for Real Change”, que organiza o protesto, diz que mais de 1.500 funcionários (a maioria são mulheres) devem aderir à manifestação em 60% de todos os escritórios do Google no mundo a partir das 11h10 no horário local de cada país.
Nas redes sociais, há relatos e fotos de manifestações em Nova York, Tóquio, Singapura, Berlim, Londres, Dublin e Zurique. No Brasil, a assessoria de imprensa do Google informou ao Olhar Digital que um grupo de funcionários “se reuniu para conversar sobre o tema e fizeram uma foto no térreo do prédio” em São Paulo.
Google employees at the company’s U.K. headquarters are staging a walkout to protest how the tech giant has handled sexual harassment pic.twitter.com/8s8CxIkfpt
— TicToc by Bloomberg (@tictoc) 1 de novembro de 2018
Very proud to participate in the #googlewalkout today showing solidarity with my colleagues, fighting for equality and demanding real change ! pic.twitter.com/QN5gzkigPr
— Karen O’Connell (@karenmaryo) 1 de novembro de 2018
Large crowd still walked out @Google Dublin @ 11:30 #GoogleWalkout pic.twitter.com/rPZxULWhvW
— Cathal Curry (@CurryCathal) 1 de novembro de 2018
The #googlewalkout in Zurich has impressive numbers! @googlewalkout pic.twitter.com/bgLHDLYfez
— Ted (@TedOnPrivacy) 1 de novembro de 2018
Hello from Google in London. A groups just came out for the #googlewalkout pic.twitter.com/nTeZ9rSAKC
— Hadas Gold (@Hadas_Gold) 1 de novembro de 2018
The first of many coordinated #GoogleWalkout protests has begun – this is at the firm’s office in Singapore. (Pic via https://t.co/h44RZYGGHV ) pic.twitter.com/QeFgmPbHnN
— Dave Lee (@DaveLeeBBC) 1 de novembro de 2018
Os manifestantes têm seis exigências:
- fim da arbitrariedade forçada em casos de assédio e discriminação;
- comprometimento para acabar com a desigualdade de salários e de oportunidades entre homens e mulheres;
- divulgação pública de um relatório de transparência de casos de assédio sexual;
- elaboração de um processo claro, uniforme e globalmente inclusivo para que funcionários possam denunciar má conduta sexual de forma segura e anônima;
- permitir que o chefe de diversidade (Chief Diversity Officer) responda diretamente ao CEO e possa fazer recomendações diretamente ao conselho administrativo;
- e a nomeação de um representante dos empregados para o conselho.
Motivação para o protesto
Os manifestantes se organizaram após a descoberta de um caso de assédio sexual envolvendo Andy Rubin, o criador do Android. O jornal The New York Times descobriu que Larry Page, na época CEO do Google (hoje chefe da Alphabet) fez um acordo com Rubin para que ele pedisse demissão em 2014, após a denúncia de que ele teria obrigado uma funcionária a praticar sexo oral com ele em 2013.
Page, na época, concordou em pagar US$ 90 milhões a Rubin para que ele pedisse demissão. A história ficou encoberta até hoje. Outro executivo, o ex-vice-presidente sênior Amit Singhal, teria recebido tratamento semelhante após uma denúncia de abuso sexual. Já o diretor do laboratório X, Rich DeVaul, também acusado de assédio, manteve seu emprego após uma “ação corretiva” por parte do Google. Ele pediu demissão nesta semana após a divulgação da história.
A resposta da empresa para tudo isso veio na forma de um comunicado oficial, em que o atual CEO do Google, Sundar Pichai, juntamente com a vice-presidente de recursos humanos, Eileen Naughton, disseram que a empresa já demitiu 48 pessoas por assédio sexual nos últimos dois anos, e que leva esse tipo de denúncia muito a sério. Os executivos, porém, não negaram o pagamento de acordos aos demitidos. Andy Rubin nega a história toda.