Funcionários da Huawei ajudaram países africanos a espionar oponentes

Casos ocorreram em Uganda e na Zâmbia. Dissidentes políticos tiveram suas linhas telefônicas grampeadas, mensagens capturadas e decodificadas e movimentação rastreada usando torres de celular
Rafael Rigues14/08/2019 19h00

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Segundo um relato do Wall Street Journal, funcionários da Huawei trabalharam com os governos de ao menos dois países africanos em programas para monitorar e espionar a movimentação e as comunicações de adversários políticos.

Os casos ocorreram em Uganda e na Zâmbia. Em Uganda uma das vítimas do programa foi Bobi Wine, um rapper que faz oposição ao governo do país. Mensagens do cantor teriam sido interceptadas e entregues ao governo, ou decodificadas por funcionários da Huawei a pedido da polícia local usando um software israelense chamado “Pegasus”, vendido a governos e agências de segurança.

Contratada pelo governo, a empresa chinesa instalou uma rede de mais de 5 mil câmeras de vigilância em Kampala, capital de Uganda, e também fornece os equipamentos para a maior parte das redes de telecomunicações do país.

Wine afirma que “ficou óbvio” que seus telefones e mensagens estavam sendo monitorados quando a polícia começou a aparecer em eventos que tinham sido planejados em segredo. Para driblar a vigilância, o ativista agora usa múltiplos smartphones, e os despacha em direções opostas antes de sair para um evento, numa tentativa de enganar a polícia.

A investigação do Wall Street Journal não encontrou evidências de que a direção da Huawei, na China, aprovou ou conhecia as atividades de seus funcionários na África. Em declaração à CNBC, a empresa afirmou que “nossas investigações internas mostram claramente que nem a Huawei nem seus funcionários participaram das atividades citadas. Não temos os contratos, nem a capacidade, para fazer isto.

Fonte: Wall Street Journal

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital