Funcionárias da Microsoft compartilham casos de assédio em emails internos

Problema é muito antigo, mas a repercussão aumentou só agora, com o vazamento das denúncias; a companhia promete tomar providências
Redação04/04/2019 22h53, atualizada em 05/04/2019 00h00

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Funcionárias da Microsoft têm compartilhado histórias de assédio sexual e discriminação em uma cadeia interna de emails que já passou das 90 páginas. Conforme apontado pela Quartz, muitas afirmam que levantaram queixas iniciais ao RH, mas nenhuma ação foi tomada. Agora que a rede de mensagens ganhou o mundo, o departamento de Recursos Humanos garante que vai investigar o assunto.

Tudo começou no dia 20 de março, quando uma funcionária enviou a outras mulheres da Microsoft um pedido para atacar esse “teto de vidro”, e histórias sobre comportamentos humilhantes e comentários sexistas comçaram a surgir. “Esta thread retirou a pele de uma ferida infeccionada. A raiva coletiva e a frustração são palpáveis. Um público amplo está agora ouvindo. E sabe de uma coisa? Eu estou bem com isso”, escreveu uma funcionária em uma resposta por email para a rede, segundo a Quartz.

Outra empregada da Microsoft afirmou ter reclamado de um colega que solicitou a realização de atos sexuais, mas nenhuma ação foi tomada pelo RH. Uma terceira mulher relatou ter trabalhado em times de engenharia no Windows, Azure e Xbox e ter sido chamada de “puta” por outros colegas. Segundo ela, outras mulheres na equipe do Xbox também haviam sido alvo de tais ofensas.

Socorro sem resposta

A chefe de recursos humanos da Microsoft, Kathleen Hogan, respondeu às dezenas de emails em 29 de março, dizendo que investigaria as alegações feitas. Ela escreveu: “Eu gostaria de pedir a qualquer pessoa que tenha sofrido experiências tão degradantes, incluindo aquelas com medo de serem demitidas pela gerência ou pelo RH, para me enviar um email diretamente. Eu irei pessoalmente investigar a situação com minha equipe.”

A Microsoft confirmou a resposta de Hogan ao The Verge e forneceu mais detalhes. Ela prosseguiu informando que a Microsoft realizará sessões na semana do dia 22 de abril para ouvir o feedback das funcionárias e determinar quais ações precisam ser tomadas. Ela acrescentou: “Eu também leio e concordo com os comentários que, para resolvermos isso como uma empresa, o ônus não deve residir apenas para nós, mulheres. […] Estamos chocados e tristes ao ouvir sobre essas experiências. É muito doloroso ouvir essas histórias e saber que alguém está enfrentando esse tipo de comportamento na Microsoft. Precisamos fazer melhor.”

O problema existe há tempos, mas a vista grossa persiste

No ano passado, documentos judiciais não revelados revelaram que as mulheres na Microsoft apresentaram 238 queixas internas sobre discriminação de gênero e/ou assédio sexual entre 2010 e 2016. Das 118 reclamações por discriminação de gênero, a Microsoft considerou apenas uma como “fundamentada”.

A Microsoft enfrenta três funcionárias na Justiça, em uma ação coletiva movida em 2015. Esta alega que a empresa discrimina engenheiras em suas avaliações de desempenho e leva o gênero em consideração para aumentos salariais e promoções.

No mesmo processo, uma funcionária da Microsoft relata ter sido estuprada por um colega quando ambos eram estagiários da companhia. Depois de interrompidas as investigações, a Microsoft contratou o suposto violador e a mulher, dizendo-lhes que não precisariam trabalhar juntos. Futuramente, porém, ela foi colocada na mesma equipe que o agressor após uma reorganização setorial.

Fonte: The Verge

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital