Os EUA recomendam a países aliados que não fechem acordos com a empresa chinesa de telecomunicações Huawei. No começo de julho, a pressão surtiu efeito no Reino Unido, que baniu a companhia do planejamento de suas operações 5G. Agora a França segue por um caminho parecido. 

O governo francês, no entanto, não foi drástico em sua decisão. Equipamentos da Huawei podem continuar sendo utilizados no país. As licenças de funcionamento, por outro lado, não serão renovadas quando vencerem.

Desse modo, as operadoras que já adquiriram o material da companhia terão de desmontá-lo em breve. Como as licenças fornecidas pela França para esse tipo de operação duram no máximo oito anos, a Huawei não estará mais presente no país por volta de 2028. 

A medida funciona como um banimento “brando”. Diferente de outros países, a França não expulsou a Huawei de seu território imediatamente, mas asfixiou a viabilidade de investimento na empresa. De acordo com especialista ouvido pela Reuters, uma inovação tecnológica desse porte leva mais de oito anos para gerar retorno financeiro. Portanto, é improvável que alguma operadora queira gastar com um equipamento que futuramente irá para o lixo. 

Bouygues e Altice, duas das principais empresas francesas de telefonia, já fecharam negócio com a Huawei. Por enquanto, não se sabe ainda se as companhias ficarão no prejuízo ou se receberão algum tipo de indenização do governo. 

Guerra comercial entre EUA e China

O mau tempo envolvendo a Huawei acontece devido às mais de 16 acusações feitas pelos EUA contra a empresa. As denúncias vão de fraude bancária a roubo de segredos industriais, mas a principal delas é a de que a companhia seria utilizada pelo governo chinês como ferramenta de espionagem.  

A Casa Branca vem colecionando vitórias contra a rede chinesa. Em tuíte feito em comemoração à decisão britânica de encerrar a parceria com a empresa, o assessor de segurança de Donald Trump afirmou que existe um “crescente consenso internacional de que a Huawei e outros agentes representam uma ameaça à segurança nacional porque permanecem em dívida com o Partido Comunista Chinês”.

Como retaliação, a China chegou a considerar proibir que equipamentos da Nokia fabricados em seu território fossem exportados para outros países. Tal medida representaria enorme prejuízo para a Europa, que conta com a Nokia para o fornecimento de diversas tecnologias, inclusive o 5G.

Isso fez com que a implementação das redes 5G se tornasse o epicentro de um dos maiores conflitos geopolíticos dos últimos anos. Recentemente, a China declarou que o Reino Unido pagaria caro pelo banimento da Huawei de sua rede de telecomunicações. Agora que a França soma à lista de inimigos, devem se acirrar ainda mais as tensões entre o ocidente e o governo de Xi Jinping.

Via: Reuters