Fóssil mostra luta entre gigantes marinhos há 240 milhões de anos

Esqueleto de Ictiossauro com 5 metros de comprimento encontrado na China preserva restos de sua última refeição, um Xinpusaurus quase tão grande quanto ele
Rafael Rigues21/08/2020 13h40

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Um fóssil escavado na China ajudou cientistas a reconstruir os últimos momentos da luta entre dois gigantes marinhos no período Triássico, há 240 milhões de anos. A rocha preserva os restos de um Guizhouichthyosaurus, um réptil marinho da ordem dos Ictiossauros, com corpo similar ao dos golfinhos. Carnívoros, eles se alimentavam principalmente de moluscos marinhos, como os ancestrais das lulas e nautilus.

Mas o exemplar em questão, com 5 metros de comprimento, resolveu “variar a dieta” e pagou caro por isso. Em seu estômago foi encontrado o torso de um outro réptil marinho, um Xinpusaurus, do gênero dos Thalatossauros, com cerca de 4 metros de comprimento.

Segundo o Paleobiólogo Ryosuke Motani, da Universidade da Califórnia em Davis, nos EUA, embora “ninguém estivesse lá para filmar”, o fóssil permite reconstruir os últimos momentos dos animais: “A presa é mais leve que o predador, mas sua resistência deve ter sido intensa”, diz Motani. “O predador provavelmente danificou seu pescoço enquanto subjugava a presa. Sacudindo e retorcendo ela, ele arrancou a cabeça e a cauda, e engoliu o torso”.

Reprodução

Fóssil de um Xinpusaurus encontrado no estômago de um Guizhouichthyosaurus na China. Foto: Ryosuke Motani/iScience

“Isto deve ter aumentado o dano ao pescoço do Ictiossauro ao ponto de que este se tornou fatal. A coluna vertebral destes animais é muito estreita na região do pescoço, e quando ela não foi mais capaz de suportar o crânio, o predador não pôde mais respirar. Ele logo morreu, não muito longe do local do ataque, onde a cauda da presa foi deixada”.

O Ictiossauro mostra evidências do pescoço quebrado. E a presa em seu estômago mostra poucos sinais de ter sido digerida, indicando que o predador morreu logo após ingeri-la.

Os fósseis são um exemplo claro de “megapredação”, algo que não era esperado pelos biólogos. Segundo o paleontólogo Da-Yong Jiang, da Universidade de Pequim e principal autor de um artigo sobre a descoberta publicado no jornal científico Science, “parece que os dentes (do Ictiossauro) são feitos para agarrar lulas. Então, foi uma surpresa encontrar uma presa tão grande”.

Fonte: The Guardian

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital