Dois mil e dezesseis não foi um ano fácil, em nenhum aspecto. Conforme a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) confirmou hoje, o ano foi o terceiro ano consecutivo a bater o recorde de ano mais quente da Terra desde o início das medições. O recorde de 2016 foi confirmado também pelo projeto Berkeley Earth Surface Temperature.
Com temperatura média global de 58,69ºF (ou 14,97ºC), 2016 representou um aumento de 0,938ºC sobre a temperatura global média de 2015. Ele foi o quinto ano do século 21 a quebrar o récorde de ano mais quente desde o início das medições, em 1880. Os outros foram 2005, 2010, 2014 e 2015.
Não se trata de uma situação inédita, como aponta o New York Times: os anos de 1939, 1940 e 1941 foram os três, um após o outro, recordistas de calor. No entanto, desde então a Terra ficou tão mais quente que 1941 é atualmente o 37º ano na lista de anos mais quentes da história.
Risco global
Segundo o New York Times, a temperatura global terrestre está se aproximando de um nível que, segundo os cientistas, representa uma ameaça profunda tanto ao mundo natural quanto à civilização humana. O principal fator responsável por esse aumento da temperatura, de acordo com os pesquisadores, é o aumento no volume de gases estufa, como gás carbônico, na atmosfera.
Esses gases, resultantes da queima de combustíveis fósseis, absorvem mais calor que os demais gases que compõem a atmosfera da Terra. Um aumento de sua concentração na atmosfera faz com que a temperatura da Terra aumente. Entre os efeitos negativos disso estão, por exemplo, o derretimento das calotas polares.
De fato, segundo a NOAA, o aumento da temperatura é sentido de maneira mais aguda no pólos. Em 2016, a temperatura no oceano Ártico ficou de 11ºC a 16ºC superior acima do normal durante o outono. O derretimento do gelo nas calotas polares, por sua vez, provoca um aumento no nível dos oceanos que ameaça fazer com que cidades inteiras e até mesmo alguns países desapareçam do mapa nos próximos anos.
Prepare-se
A situação, embora seja crítica, não mostra nenhum sinal de melhoria no futuro próximo. Um sinal de que ela deve se agravar, por outro lado, é a recente eleição de Donald Trump. Durante sua campanha, Trump chegou a afirmar que o aquecimento global era uma mentira criada pelos chineses para tornar a indústria estadunidense menos competitiva.
Trump também deu indícios de que pretende eliminar os recursos da NASA dedicados a pesquisas sobre a atmosfera terrestre, por julgar tratar-se de “ciência politizada”. As intenções do presidente eleito dos EUA levaram cientistas do país a criar “mutirões” de backup de dados científicos para impedir que o conhecimento sobre o fenômeno se perdesse.