É natural que a maioria dos roteiros escritos para cinema e TV não sejam feitos por especialistas em ciências exatas. Isso não impede que muitos filmes e séries sejam surpreendentemente fiéis em suas representações de conceitos complexos da ciência e tecnologia, como o longa-metragem Interestelar e a série Mr. Robot.
Contudo, há casos em que os roteiristas simplesmente se esquecem – ou abrem mão – de fazer uma pesquisa mínima antes de escrever certas cenas. Ou, de outro modo, os produtores decidem representar situações totalmente fora da realidade, de propósito, em nome do apelo popular. Separamos cinco filmes e séries de TV que até tentam, mas falham miseravelmente ao representar a tecnologia de suas épocas.
1 – NCIS
Uma das séries de TV mais populares do mundo, exibida desde 2003, tenta mostrar ao público como o mundo das investigações policiais envolve muita ciência e tecnologia, em um nível superior àquele que o público comum conhece. Isso pode até ser verdade, mas certos momentos do programa passam um pouco dos limites.
Na cena acima, a especialista forense Abby Sciuto constata que os servidores estão sendo hackeados. Ela, então, começa a tomar medidas para prevenir maiores danos. A personagem decide digitar furiosamente em seu teclado, fechando janelas mais rápido do que aquele PC provavelmente conseguiria finalizar tarefas. Mesmo com duas pessoas usando um só teclado ao mesmo tempo, o hacker é finalmente detido com a solução mais imples (e absurda) possível: desligar o monitor da CPU.
2 – Independence Day
O filme pode ter sido um sucesso de bilheteria nos cinemas e reprisado constantemente na TV, mas as inconsistências dessa ficção-científica estrelada por Will Smith não passam despercebidas. No filme, para impedir uma invasão alienígena, os heróis decidem infectar os computadores dos extraterrestres com um vírus.
O roteiro, então, deixa em aberto duas possibilidades: ou os alienígenas de 1996 usam o sistema operacional Mac OS, da Apple, ou o roteirista não pensou em como um vírus desenvolvido em PCs humanos seria interpretado e executado numa máquina de outro planeta. A primeira opção explicaria por que o personagem de Jeff Goldblum usa um Macintosh Powerbook 5300.
3 – A Senha: Swordfish
Hugh Jackman, o eterno Wolverine, protagoniza um dos retratos mais caricatos da história do cinema quando o assunto é a comunidade hacker. Com o intuito de deixar claro para a audiência que invadir um banco de dados criptografado é algo muito difícil, o filme oferece, como exemplo, essa cena:
Como é comum em Hollywood, ‘Swordfish’ traduz as extensas linhas de código usadas por hackers de verdade em uma imagem bem mais simples: nesse caso, um cubo digital em 3D. Você pode também questionar o bom gosto estético do filme com sua paleta de cores saturada em amarelo e os movimentos de câmera inexplicáveis, mas os gritos e palmas de Jackson nessa cena são mais difíceis de entender do que o que ele de fato está fazendo com sete monitores ligados ao mesmo tempo.
4 – CSI
Assim como NCIS, outra sigla para um órgão de investigação americano também tem sua própria série de TV, além de diferentes versões em diferentes estados. Fato é que CSI repete muitos dos mesmos erros do programa da agência concorrente. Um bom exemplo é o velho truque de zoom em alta definição:
Na cena acima, a imagem de arquivo de um criminoso possui um reflexo na lente esquerda do óculos. Entra em cena o milagre da multiplicação dos pixels, que mantém a alta qualidade da imagem mesmo que os investigadores apliquem um zoom artificial. Como isso é possível, só a CSI sabe.
5 – Mulher Nota Mil
Nada, porém, supera esse clássico da década de 1980. Dois amigos decidem ligar eletrodos a uma boneca Barbie, hackear o servidor de uma base secreta do governo e gerar um ser humano artificial com a energia de um raio vermelho mágico que cai do céu.
Após toda uma cerimônia de encantamento, explosões, curtos e luzes coloridas, a boneca se transforma na modelo Kelly LeBrock. Porque, para os roteiristas, alguns efeitos técnicos e animações em 8-bit são suficientes para dar vida a um ser humano. O filme possui tantos absurdos tecnológicos que fica impossível evitar o riso (de vergonha).