Facebook vai pagar US$ 52 milhões a moderadores com transtornos psicológicos

Acordo judicial nos Estados Unidos reforça a insalubridade da tarefa de filtrar conteúdo, incluindo imagens e vídeos de cunho perturbador
Equipe de Criação Olhar Digital13/05/2020 00h11

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O trabalho mais insalubre da área de tecnologia é a moderação de conteúdo, que comumente precisa lidar em primeira mão com material perturbador, como vídeos de pedofilia, estupros e outros crimes violentos. Em um sinal de reconhecimento sobre as dificuldades da função, o Facebook fechou um acordo judicial que pagará US$ 52 milhões a trabalhadores que desenvolveram a síndrome do estresse pós-traumático como resultado da atividade.

Os termos do acordo preveem a divisão do valor entre moderadores, tanto os que ainda atuam na função quanto os que já deixaram o cargo. Todos eles receberão pelo menos US$ 1.000 como compensação, e o valor pode aumentar em caso de diagnóstico positivo de estresse pós-traumático ou condições similares.

Caso seja constatado algum transtorno psicológico, o valor adicional pode ser de US$ 1.500, mas quem tiver mais de um problema, como estresse pós-traumático e depressão, como resultado do trabalho pode receber até US$ 6.000 adicionais. Para completar, quem tiver provas de lesões sofridas em decorrência da função de moderação para o Facebook, pode receber até US$ 50 mil.

O Facebook também precisará implementar novas medidas para proteger os moderadores, reduzindo a exposição a conteúdo que possa afetar sua saúde mental. Isso vai incluir, por exemplo, a exibição de imagens em preto e branco e reprodução de vídeos sem o áudio por padrão. Os moderadores também terão direito a sessões semanais com psicólogos, além de sessões coletivas de terapia uma vez por mês.

Outras medidas de segurança incluirão a avaliação da resiliência emocional dos candidatos antes que eles sejam contratados para a função. Cada estação de trabalho de moderadores deverá ter informações sobre suporte psicológico, e eles também deverão ser orientados sobre como relatar violações nos padrões do Facebook que sejam registradas em uma empresa terceirizada.

Como relata o site The Verge, o processo teve início em setembro de 2018, quando uma moderadora, chamada Selena Scola, decidiu acionar a empresa por causa dos danos psicológicos causados pelo trabalho. Posteriormente, juntaram-se à ação vários outros profissionais contra o Facebook.

A crise com moderadores se agravou em 2016. No ano, que contou com a eleição presidencial nos Estados Unidos, a empresa passou a ser amplamente criticada pela incapacidade de detectar e eliminar conteúdo nocivo de sua plataforma, forçando a empresa a contratar várias empresas para terceirizar essa função. O resultado foi uma ampliação da força de moderação, sim, mas expôs um número maior de pessoas a esse tipo a um trabalho insalubre em condições precárias de altíssima cobrança e estresse constante.