O Facebook está dando seus passos para viabilizar um sistema de pagamentos e transferências monetárias por meio de criptomoedas. Agora, a companhia parece ter estabelecido uma subsidiária na Suíça para dar andamento ao projeto.
A empresa em questão é a Libra Networks, que se estabeleceu na cidade de Genebra, que pertence ao grupo Facebook Global Holdings II, que tem sede na Irlanda e cuida de boa parte da operação mundial da companhia. Segundo a imprensa suíça, a Libra tem o objetivo de desenvolver todo o software e o hardware necessário para sustentar uma operação de criptomoedas deste calibre.
Publicamente, o Facebook não confirma nem desmente o plano de ter sua própria criptomoeda para lidar com pagamentos na plataforma. A empresa já deixou clara a intenção de trabalhar com blockchain, inclusive remanejando David Marcus, que era o homem responsável pelo Facebook Messenger, para a função de experimentar novas aplicações com a tecnologia.
A decisão de lançar uma criptomoeda, no entanto, é interessante neste momento. Todos os rumores até o momento indicam que o Facebook tem uma proposta que vai contra o que é a bitcoin e tantas outras similares que se popularizaram nos últimos anos e perderam um pouco de força após o crash de 2018.
Pelo que se sabe até agora, a ideia do Facebook é criar uma “stablecoin”, que é um tipo específico de criptomoeda cujo valor não flutua livremente; no caso da moeda do Facebook, o lastro seria o dólar americano. A opção é importante para garantir alguma estabilidade na hora de viabilizar transações.
Afinal de contas, a situação da Bitcoin e outras criptomoedas não incentiva o seu uso como uma moeda. A oscilação de valor faz com que os 10 reais que você recebeu há uma semana possam estar valendo 7 reais hoje, e o contrário também: se os 10 reais passarem a valer 13 reais de uma semana para outra, você também será desencorajado a usá-los, temendo perder uma nova onda de valorização repentina. A estabilidade é necessária para que a criptomoeda seja usada como uma moeda.
Para o Facebook, esse é um passo natural. A introdução da ferramenta Marketplace na rede social há algum tempo já deixava clara a ideia de em algum momento começar a mediar as transações por meio da plataforma, o que normalmente é feito por serviços externos como o Mercado Livre, ou, em muitos casos, na base da confiança. A empresa quer continuar expandindo e fornecer a moeda para viabilizar esse tipo de negócio é um passo importante.
Da mesma forma, a empresa já falou que pretende começar a investir mais em privacidade e criptografia, e isso poderia ser um tiro no pé para uma companhia que chegou até onde chegou coletando volumes gigantescos de dados de usuários para venda de publicidade. A diversificação de fontes de renda se torna necessária para continuar crescendo quando seu principal canal de receitas pode sofrer um baque no médio prazo.
E, no fim, todo o ecossistema do Facebook pode acabar se beneficiando. O Facebook já experimenta na Índia há algum tempo um sistema de transferências monetárias vinculado ao sistema bancário local por meio do WhatsApp. No entanto, as criptomoedas facilitariam essas transferências consideravelmente. Da mesma forma, o comércio parece ser um caminho que o Instagram pretende seguir com mais afinco daqui para frente, e, novamente, uma criptomoeda própria pode facilitar as negociações pela plataforma.