‘Fábricas vivas’ do MIT produzem insulina no organismo de diabéticos

'Ilhotas pancreáticas' foram modificadas com uma barreira artificial que evita que sejam atacadas pelo sistema de defesa do organismo
Rafael Rigues01/04/2020 14h34

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Portadores de diabetes Tipo 1 têm de receber regularmente injeções de insulina para manter os níveis de açúcar no sangue sob controle. Mas um novo tipo de célula implantável, desenvolvido por pesquisadores do MIT, pode produzir o hormônio no organismo do paciente, sem risco de rejeição.

A descoberta é baseada em um procedimento já existente, que consiste no transplante de ilhotas pancreáticas (células responsáveis pela produção da insulina) saudáveis para o organismo de um paciente. Entretanto, como todo transplante, há o risco de rejeição. E mesmo que ela não ocorra, a necessidade de medicamentos como imunossupressores torna o paciente mais suscetível a infecções oportunistas e outras enfermidades.

O que os pesquisadores do MIT fizeram foi “embrulhar” as ilhotas em uma espécie de casca feita com um elastômero à base de silicone, com uma membrana porosa. Os poros são grandes o bastante para que nutrientes, oxigênio e insulina se movam livremente através da membrana, mas pequenos o bastante para que as células de defesa do organismo, que poderiam atacar a célula, não consigam passar.

Em testes com ratos diabéticos, as células modificadas foram capazes de manter níveis saudáveis de glicose no sangue dos animais por até 10 semanas, sem complicações.

Outro experimento “encapou” células-tronco de rins humanos, modificadas para produzir um hormônio chamado EPO, que controla a produção de glóbulos vermelhos do sangue. As células sobreviveram por até 19 semanas após o transplante em ratos, e aumentaram a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue dos animais durante todo o período.

A equipe então deu um passo além, fazendo com que as células produzissem EPO apenas na presença de um medicamento chamado doxiciclina. Com isso, foram capazes de ligar ou desligar a produção do hormônio sob demanda.

Embora a equipe esteja atualmente focada no uso da tecnologia para tratar diabéticos e melhorar a viabilidade das ilhotas transplantadas, eles esperam que eventualmente ela possa servir como uma ferramenta valiosa para tratar qualquer tipo de doença crônica.

“A visão é ter uma fábrica de medicamentos viva que possa ser implantada nos pacientes e secretar medicamentos conforme necessário”, diz Daniel Anderson, professor associado de engenharia química e autor sênior do estudo.

Fonte: New Atlas

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital