O chefe de software da Apple, Craig Federighi, diz que “não aceita” as críticas de que a Apple está transformando a privacidade em um bem de luxo. Esta acusação foi dirigida à empresa pelo CEO do Google, Sundar Pichai.

Em um artigo publicado no início deste mês, o CEO disse que “a privacidade não pode ser um bem de luxo oferecido apenas a pessoas que podem comprar produtos e serviços premium”. Pichai não citou a Apple diretamente, mas todos sabem a qual empresa ele estava se referindo e, claro, os seus produtos, como o iPhone e o iPad, mais caros que a maioria dos smartphones e tablets à venda no mercado. Em entrevista ao The Independent na segunda-feira (27), Federighi disse que “não aceita” as críticas.

O chefe da Apple enfatiza o compromisso da empresa com a privacidade durante toda a entrevista, observando que ela pretende coletar o mínimo de dados possível. Quando realiza algo do tipo usa tecnologias como Privacidade Diferencial para garantir que as informações não possam ser associadas a nenhum único usuário.

A Apple quer vender produtos para “o maior número de pessoas possível”, disse Federighi. O argumento se refere a diferença de modelos de negócios entre as duas empresas: a Apple geralmente vende hardware diretamente aos clientes, por isso não é necessário coletar muitos dados sobre eles; enquanto o Google oferece serviços gratuitos para os usuários, aproveitando os anúncios exibidos neles, que são segmentados com base nos dados pessoais.

Na entrevista, Federighi também abordou duas outras críticas à posição de privacidade da Apple: quea companhia não deveria armazenar os dados dos usuários chineses do iCloud na própria China, onde o governo poderia espioná-los; e que a escolha de não coletar muitos dados dos usuários fez com que ficasse para trás quando se trata de desenvolver recursos de Inteligência Artificial, como o Siri.

A batalha da privacidade entre essas duas empresas não deve desacelerar, relatou o The Verge. Como o modelo de negócios da Apple não envolve a venda de anúncios, a privacidade é uma área-chave que é usada para destacar seus produtos, o que incentiva a empresa a continuar criticando o Google. Esse último, por sua vez, vem se mostrando mais atento à coleta massiva de dados – cujo tema veio à tona graças aos constantes escândalos do Facebook – e vem fazendo diversas mudanças para limitar algumas dessas preocupações junto ao público.

Via: The Verge