Ex-Tesla aposta na reciclagem para reduzir custo de carros elétricos

Liderada por ex-chefe de tecnologia da Tesla, empresa estuda aproveitar metais caros de células de bateria descartadas para produzir novos produtos
Redação31/08/2020 17h23

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Fundada por JB Straubel, ex-chefe de tecnologia da Tesla, a Redwood Materials aposta na reciclagem para enfrentar um dos principais desafios da indústria de carros elétricos: reduzir o custo dos veículos e torná-los mais acessíveis. A companhia norte-americana estuda processos para reaproveitar materiais caros como o lítio, níquel e cobalto, para construir células de baterias e promover a queda dos preços dos produtos.

A corrida contra esses metais corresponde a uma tendência na indústria. Recentemente, a CATL e a Panasonic, ambas fornecedoras da Tesla, anunciaram pesquisas para diminuir ou excluir completamente o uso de níquel e cobalto de suas baterias. A extração desses materiais da natureza, por mineração e outros processos, é complexa e envolve questões éticas e ambientais.

“O mercado sempre foi ditado pelo preço das commodities desses metais. Esta é uma chance de mudar toda a equação e reduzir o custo de material de uma forma que cause curtos circuitos na indústria”, afirmou Straubel em entrevista ao The Wall Street Journal.

Reprodução

JB Straubel (à direita) na entrega do primeiro Tesla Model S, em 2012. Imagem: Wikicommons

A Redwood submete os materiais a fornalhas com temperaturas de cerca de 1500 graus Celsius, para transformar os metais em pó. O procedimento é extremamente delicado, uma vez que células de íon-lítio podem pegar fogo se não forem manuseadas de maneira adequada.

Straubel ressalta que o investimento na tecnologia é essencial caso a indústria de carros elétricos pretenda continuar a aumentar a produção de veículos. Analistas estimam que a demanda global por baterias de íon-lítio deve atingir os 800 gigawatts-hora (gWh) nos próximos cinco anos. No ano passado, a demanda foi de cerca de 177 gWh.

O engenheiro, que ajudou a Tesla a desenvolver o Roadster e o Model S, disse que, no início, o principal gargalo da companhia de Elon Musk era o custo da montagem das células de baterias. Com o avanço tecnológico, em modelos recentes, a contratação de metais passou a ocupar de 50% a 75% dos valores de produção das baterias da montadora.

Reaproveitamento

Ao passo que a demanda por baterias cresce, a oferta por células usadas também aumenta. Espera-se que meio milhão de veículos elétricos sejam retirados de circulação até 2025, segundo especialistas consultados pelo Wall Street Journal. O número deve saltar para mais de um milhão em 2030.

Straubel, por sua vez, ressalta que há um desperdício significativo de materiais ainda nas linhas de montagem de baterias. Simon Moores, diretor administrativo da Benchmark Mineral Intelligence, disse ao jornal norte-americano que nos próximos anos fábricas devem descartar até 10% das células de bateria ainda no processo de manufatura. Em 2025, isso pode significar que cerca de 80 gigawatts-hora de células serão rejeitadas.

O descarte pode resultar na oferta de até 64 mil toneladas de lítio ou o equivalente ao que dois campos de extração podem produzir em um ano – volume estimado em US$ 500 milhões a US$ 1,5 bilhão, a depender das flutuações de preço do metal.

Investimentos

A Redwood já atrai o interesse de investidores. Em sua primeira rodada de aportes este ano, a companhia arrecadou US$ 40 milhões em uma iniciativa liderada pelo Capricorn Investment Group e Breakthrough Energy Ventures, um fundo de investimento ambiental que inclui negócios do fundador da Amazon, Jeff Bezos, e do cofundador da Microsoft, Bill Gates.

A empresa também já testa sua tecnologia com ajuda da Panasonic. No final do ano passado, a japonesa iniciou um teste para recuperar mais de 400 libras (cerca de 181 kg) de sucata gerada na fabricação de células de bateria. Recentemente, o volume foi ampliado para duas toneladas. Todos os materiais descartados na Gigafábrica da Tesla de Nevada, Estados Unidos, agora são enviados às instalações da Redwood.

A Panasonic busca atestar se seus materiais reciclados podem ser refinados e reutilizados na fabricação de suas próprias baterias. A lógica, segundo o The Wall Street Journal, segue o princípio que baterias velhas de celulares podem ser uma boa fonte de cobalto para novos produtos.

Via: The Wall Street Journal

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital