O impacto do Facebook na sociedade sempre foi questionável. Ao mesmo tempo em que Mark Zuckerberg tenta reforçar o poder positivo de transformação criado pela ferramenta, tantas outras vozes criticam a rede social pelo seu lado negativo. A esse coro se juntou agora Sean Parker, nada menos do que o primeiro presidente que a empresa teve em sua história.
Em entrevista ao site Axios, Parker, também conhecido por outros projetos como o Napster, falou abertamente sobre os perigos das mídias sociais e sua preocupação sobre o impacto que elas podem trazer à sociedade, especialmente com o público jovem. “Só Deus sabe o que isso faz com o cérebro das nossas crianças”, critica ele.
“O processo de criação ao desenvolver um desses aplicativos, sendo o Facebook o primeiro deles era sobre: ‘Como consumir o máximo do seu tempo e da sua atenção consciente o possível?’”, explicou Sean Parker, que se juntou à empresa de Zuckerberg ainda em 2004, apenas alguns meses após sua fundação. O problema está aí: para atingir essa meta, aplicativos sociais apelam para falhas da psicologia humana para viciar o usuário.
“Para isso, precisamos dar uma pequena dose de dopamina [neurotransmissor que dá a sensação de prazer] de vez em quando, porque alguém curtiu ou comentou em um post ou em uma foto. Isso faz você contribuir com mais conteúdo para que você receba mais curtidas e comentários”, comentou.
Esse ciclo se retroalimenta, como nota Sean Parker. “É exatamente o tipo de coisa que um hacker como eu criaria porque você está basicamente explorando uma brecha na psicologia humana”.
Isso é feito de forma consciente há mais de uma década, afirma Parker. “Os inventores e criadores como eu, Mark Zuckerberg no Facebook, Kevin Systrom no Instagram, entendiam isso de forma consciente. E nós fizemos mesmo assim”, concluiu.