Dois ex-funcionários do Facebook criaram uma rede social chamada Cocoon. Focada na vivência familiar, o Cocoon busca reproduzir a experiência de se viver na mesma casa que sua família, mesmo que isso não seja mais verdade.

Nas mídias sociais, quem mais aparece online são nossos conhecidos distantes. O objetivo original de unir nossas redes sociais com a vida real se desdobrou diante das campanhas de publicidade para aumentar o envolvimento. O próprio Facebook reconheceu isso, ao alterar sua missão de tornar o mundo “mais aberto e conectado” para “aproximar o mundo”.

Uma pesquisa de 2018 realizada pela Pew Research Center constatou que, enquanto alguns usuários do Facebook estão moderando seu tempo no site, o uso de mídias sociais por adultos nos Estados Unidos dobrou na última década – 72% deles estão nas redes agora. Contudo, as pessoas estão postando mais em fóruns particulares, que atendem suas necessidades pessoais.

Reprodução/Pew Research Center

Muitas redes sociais atendem um grupo de familiares, mas poucas se focaram nisso. Em 25 de novembro, uma nova rede social chegou ao iOS: o Cocoon. A startup apoiada pelo Y Combinator, que levantou US$ 3 milhões para a causa, é uma rede social para a família. Foi criada por Sachin Monga e Alex Cornell.

Monga, um ex-gerente de produtos do Facebook, pensou por anos em como escapar do dilema de sua antiga empresa, que coloca sua mãe e melhor amiga na mesma rede social que seu conhecido mais distante. Ele agrega toda essa atenção em um único fluxo para vender publicidade.

Mas o Cocoon se autodenomina como uma rede de mídia social ou um aplicativo de mensagens. “Esta é minha casa no meu telefone”, conta Monga. Ele contém as atualizações mais recentes de seus pais em Toronto, sua irmã mais velha em Nova York e a irmã mais nova em São Francisco. “Não compartilhamos uma casa física há 17 anos, mas ainda somos uma família e achamos que deveria haver um software sofisticado para lidar com isso”.

Cada pessoa pode escolher até uma dúzia de outras para se juntar ao seu grupo. A empresa chama isso de “família escolhida”. Contudo, cada usuário só pode pertencer a um grupo, obrigando-os a fazer escolhas. Por enquanto, o aplicativo é gratuito, mas passará para assinaturas pagas.

As pessoas podem postar atualizações, emojis e notificações, e o Cocoon encadeará essas conversas automaticamente. O aplicativo também oferece um fluxo contínuo de informações sobre localização, movimento e atividade. As configurações de privacidade permitem compartilhar tudo automaticamente.

Isso imita a experiência de realmente viver no mesmo lugar que nossa família. Enquanto aplicativos de bate-papo em grupo como o WhatsApp são um feed de postagens cronológicas, o Cocoon agrupa conversas para evitar sobreposição. A rede aposta que os usuários da web estão se afastando do mundo aberto para as redes mais fechadas. É o mesmo pensamento de outros desenvolvedores.

No ano passado, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que o futuro das mídias sociais era privado. Não era uma previsão. As pessoas estão migrando para canais e grupos privados no Facebook, Instagram e WhatsApp. Mas encontrar um modelo que não dependa desse fluxo de publicidade está finalmente no radar do Vale do Silício.

O Cocoon não é o primeiro a tentar. Uma série de alternativas ao Twitter e Facebook entraram em cena, mas não vingaram. O lançamento do Cocoon representa a mais recente tentativa de criar um modelo pago, privado e pessoal no domínio do Facebook. As pessoas começaram a tratar redes sociais como ferramentas de comunicação necessárias, e não como lugares para socializar. Independentemente do sucesso do Cocoon, sua chegada sugere como será o futuro das redes sociais.

Via: Quartz