A Uber se envolveu em mais uma polêmica nos Estados Unidos nesta terça-feira, 28. Um ex-funcionário da empresa disse que ela tinha uma equipe especialmente dedicada a roubar e esconder dados roubados de rivais.
A informação foi divulgada em uma carta assinada por Richard Jacobs, ex-membro do grupo de inteligência da Uber. A carta foi entregue à promotoria pública dos EUA durante uma investigação criminal que envolve a companhia.
Segundo Jacobs, o grupo era uma espécie de força-tarefa secreta que atuava no departamento de marketing e analytics da Uber. Como explica o Gizmodo, o objetivo do grupo era rastrear motoristas de serviços rivais e até funcionários de concorrentes.
Entre as atribuições dessa equipe estava a de invadir a conta do GitHub dos programadores das empresas rivais da Uber para tentar descobrir códigos secretos dos apps concorrentes. Além disso, eles também coletavam dados dos motoristas de outras empresas, incluindo a localização e trajeto dos carros.
Os segredos eram roubados e compartilhados usando ferramentas criptografadas e apps de comunicação em que as mensagens desaparecem após algum tempo. Tudo para “garantir que não deixássemos um rastro que voltasse a nos assombrar em qualquer investigação civil ou criminal no futuro”, disse Jacobs.
O ex-funcionário diz que recebeu instruções de Craig Clark, executivo que foi recentemente demitido da Uber por ajudar a esconder um grande vazamento de dados. Mais de 57 milhões de contas de usuários da Uber foram roubadas por hackers, que receberam US$ 100 mil da empresa para manter a invasão em segredo.
Batalha contra Google
Toda essa história impactou um outro processo no qual a Uber é ré: uma batalha judicial contra a Waymo, empresa-irmã do Google. A Uber é acusada de se beneficiar de segredos roubados da Waymo por um ex-funcionário da empresa, Anthony Levandowski.
Levandowski foi engenheiro da Waymo, onde trabalhou com carros autônomos. Ao sair da empresa, o norte-americano foi trabalhar na Uber supostamente levando consigo milhares de documentos secretos da ex-empregadora. A Uber diz que nunca teve acesso aos supostos documentos roubados.
Entretanto, a nova acusação de que a Uber manteve servidores secretos para guardar dados roubados muda um pouco essa história. Se Jacobs estiver dizendo a verdade, os advogados da Waymo dizem que os documentos roubados da empresa podem ter sido escondidos pela Uber nesses servidores secretos.
Por isso, o julgamento do caso, que estava marcado para começar na próxima semana, foi adiado. O juiz William Alsup, que cuida do caso, disse que a corte vai decidir se a Uber escondeu informações cruciais no processo para prejudicar a Waymo. Só então é que uma nova data para o julgamento será marcada.
Procurada, a Uber não se manifestou sobre as novas acusações até o momento em que este texto foi publicado. Vamos atualizá-lo assim que a empresa divulgar um posicionamento.