Em meio às transformações tecnológicas, a necessidade de se capacitar profissionalmente é hoje indispensável para quem quer se destacar no mercado de trabalho. De acordo com o estudo divulgado pela McKinsey em novembro de 2017, por exemplo, mais de 15 milhões de pessoas vão precisar mudar de emprego até 2030, só no Brasil, devido aos avanços em inteligência artificial e automação. A mesma pesquisa da consultoria afirma, no entanto, que essa tendência poderá criar entre 20 e 50 milhões de empregos em todo o mundo. Para fazer parte do lado positivo dessa estatística, portanto, é essencial desenvolver novas habilidades.
Nesse contexto, o estudo online proporciona uma série de benefícios e vantagens para quem busca se atualizar. As plataformas digitais vêm revolucionando os métodos de ensino e aprendizado, uma vez que são uma excelente opção para estudantes e profissionais que buscam por qualificação, praticidade e melhores oportunidades de carreira.
A educação a distância cresceu 17,6% em 2017 — o maior salto desde 2008. De acordo com o Censo da Educação Superior divulgado pelo Inep no último mês, estudantes em cursos EAD atingiram quase 1,8 milhão no ano passado, representando mais de um quinto do total de matrículas em todo o ensino superior.
Uma característica fundamental das plataformas digitais é que elas possibilitam um ritmo de lançamento e atualização de cursos que condiz com o rápido avanço tecnológico em que vivemos hoje. Cursos presenciais, em contrapartida, poderão ter uma dificuldade maior de seguir esse mesmo movimento: por depender de uma estrutura física, a instituição de ensino não consegue se atualizar tão rapidamente. Por isso, quem ingressou na faculdade, ao terminar o curso, pode já estar com o conhecimento defasado.
Mas por que, mesmo com tantas vantagens, o ensino a distância ainda carrega consigo altos históricos de evasão ano após ano? As razões para a dificuldade de finalizar um curso a distância podem ser as mais variadas: uma escolha mais impulsiva quanto ao tema do curso, gerando desmotivação para concluí-lo; dificuldade para ter foco e disciplina, fazendo com que o aluno se perca em suas entregas e não consiga acompanhar o cronograma previsto; má qualidade do conteúdo, sendo que o ensino a distância exige um ritmo diferente e não pode se limitar à gravação de aulas presenciais; a falta do incentivo externo, pois não há a presença física de um professor para instigá-lo; ou mesmo a falta de interação, uma vez que essa atividade geralmente se limita apenas a chats e fóruns, quando existe.
Esses motivos podem atrapalhar não só os cursos de graduação a distância, mas qualquer outra modalidade, como os cursos livres. Na Udacity, plataforma de cursos online com sede no Vale do Silício, a taxa de alunos brasileiros que chegam ao final de um curso e recebem seu certificado é de cerca de 30%. Diversas atividades vêm sendo colocadas em prática para melhorar esse número — mas o desafio não é nada simples.
O caminho para reverter essa situação e garantir que mais alunos se formem é, na verdade, uma via de mão dupla. Por um lado, existe uma grande responsabilidade por parte das instituições de ensino superior, MOOCs e demais plataformas digitais quanto à qualidade das aulas e aplicabilidade dos conteúdos além da “sala de aula”.
É preciso garantir que a ferramenta de aprendizado por meio da qual o aluno estudará seja intuitiva, fácil de navegar e leve o suficiente para não sobrecarregar a conexão de internet, visto que, infelizmente, não é todo mundo que possui acesso a serviços de banda larga de qualidade. As aulas, por sua vez, precisam prender a atenção do estudante — elas devem ser dinâmicas, interativas e de fácil compreensão, para gerar engajamento e interesse.
Deve haver ainda os mais variados recursos para avaliar e garantir o aprendizado, desde quizzes até projetos práticos que testem o que realmente foi absorvido ou não após as aulas teóricas. E isso não pode acontecer só no final do semestre, ano ou curso, como geralmente vemos. Aferir a evolução do aluno durante o processo de aprendizagem precisa ser uma rotina constante. Por fim, é preciso que o professor, instrutor ou mentor esteja à disposição desse aluno para lhe garantir um ensino personalizado e interativo.
Por outro lado, a responsabilidade também está nas mãos do próprio aluno. Como o ensino a distância é, de fato, desafiador — e nem sempre é entregue da maneira ideal —, é preciso que os estudantes dediquem-se mais.
Para isso, vale o esforço constante de desenvolver algumas soft skills, ou habilidades não-técnicas, dia após dia, que trarão benefícios não só para o processo de aprendizado, mas para a carreira do aluno como um todo. A capacidade de automotivação permite que, ao lembrar-de diariamente do objetivo final com o curso, você se engaje e não desista das aulas. Uma forma de criar essa automotivação é tentar aplicar de forma prática, no seu dia a dia, o que foi aprendido nas aulas. Assim, você vê claramente o impacto das suas novas habilidades e fica cada vez mais motivado para continuar se desenvolvendo.
Tornar-se disciplinado, com a ajuda de ferramentas de organização (horário fixo de estudos na agenda, modo avião no celular para evitar distrações, etc.), garante uma rotina eficaz. Existe uma série de aplicativos, livros e técnicas para aumentar sua autodisciplina. Experimente algumas até encontrar aquela que funciona melhor para você.
Além disso, a curiosidade aliada à dedicação, por meio dos estudos complementares e leitura de artigos ou livros extras, fecham o ciclo — de modo a colaborar com o comportamento de quem realmente deseja concluir seu curso e deixar de fazer parte da tão alarmante estatística de evasão no ensino a distância no Brasil.