Google e Facebook rastreiam acessos em sites pornô, diz estudo

De acordo com os pesquisadores, 93% das páginas de conteúdo adulto vazam dados para terceiros e não respeitam políticas de privacidade
Equipe de Criação Olhar Digital18/07/2019 14h32

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Um novo estudo mostra que os visitantes de sites pornográficos têm um “senso de privacidade fundamentalmente enganador”. Os pesquisadores examinaram como softwares de rastreamento feitos por empresas de tecnologia como o Google e o Facebook são implantados em sites adultos, e comprovaram que a segurança do que está sendo acessado é quase inexistente.

Foram analisados 22.484 sites pornográficos e constatado que 93% deles vazam dados para terceiros, inclusive quando acessados via modo “anônimo” do navegador. Os autores do estudo apontaram que os dados apresentam um “risco único e elevado”, pois 45% das URLs de sites pornográficos indicam a natureza do conteúdo, revelando potencialmente as preferências sexuais de alguém.

“Todos estão em risco quando esses dados são acessíveis sem o consentimento dos usuários e, podem ser potencializados contra eles”, escrevem os autores. “Esses riscos aumentam para populações vulneráveis cujo uso pornográfico pode ser classificado como não normativo ou contrário à sua vida pública” como, por exemplo, em países onde a homossexualidade é ilegal.

Ainda que esteja claro que as pessoas estão sendo rastreadas ao visitar sites pornográficos, ainda não se sabe o que acontece com esses dados e em quais casos eles podem ser vinculados à identidade de alguém. Rastreadores feitos pelo Google e suas subsidiárias, por exemplo, apareceram em 74% dos sites pornográficos examinados. Mas a empresa nega que seu software esteja coletando informações usadas para criar perfis de publicidade.

O Facebook, cujos rastreadores apareceram em 10% dos sites que os pesquisadores analisaram, também negou qualquer ação do tipo, embora o código que ele libera para rastrear usuários possa ser incorporado em qualquer site sem precisar de permissão. Outra gigante de tecnologia norte-americana, a Oracle, cujos rastreadores apareceram em 24% dos sites estudados, não comentou o estudo.

O relatório também descobriu que sem o uso de um software especializado é praticamente impossível para os usuários saberem quando um site pornô está rastreando algo. As políticas de privacidade que poderiam divulgar tais informações estavam disponíveis apenas para 17% dos 22.484 sites verificados.

Mesmo que as próprias empresas de rastreamento não estejam conectando os hábitos pornográficos dos usuários à publicidade personalizada, existe um risco claro de que esses dados possam ser invadidos por terceiros. O estudo sugere que uma regulamentação governamental poderia ajudar a aplicar novas normas de privacidade e que os usuários devem estar cientes das informações que estão potencialmente revelando.

Fonte: The Verge