Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ajudou a desvendar as rotas migratórias que levaram a população nativa brasileira da Bacia Amazônica à Mata Atlântica há mais de 2.000 anos.
A pesquisa só foi possível com a recuperação de dados genéticos da população Tupi que vivia na costeira brasileira na época do Descobrimento. A análise recolhei DNA de uma pequena comunidade Tupiniquim e dados de uma população nativa de Guarani Mbyá do sul do Brasil. O resultado foi publicano na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).
No século 15, aproximadamente 900 mil nativos americanos, principalmente falantes de tupi, viviam na costa brasileira. No final do século 18, as populações nativas costeiras foram declaradas extintas. “O Tupi chegou à costa leste depois de deixar a Bacia Amazônica, há aproximadamente 2 mil anos. No entanto, não há consenso sobre como essa migração ocorreu: em direção ao norte da Amazônia e depois diretamente à costa do Atlântico, ou em direção ao sul no continente e depois migrando para a costa”, explica o estudo.
O material genético colhido de membros de uma tribo de Aracruz (ES) ajudou os pesquisadores a mapear as rotas migratórias desses povos antes da chegada dos europeus ao continente. O grupo conseguiu, nos últimos 500 anos, manter sua unidade cultural e genética, com alguns indivíduos chegando a ter 95% de DNA ameríndio em seu genoma. Esse material foi comparado aos dos guarani-mbyá, que tiveram menos contato com sociedades não indígenas, e a amostras obtidas em sítios arqueológicos.
Com os resultados, os pesquisadores chegaram à conclusão houve uma migração direta da Amazônia para a costa nordeste no período pré-colombiano, dando origem às populações costeiras Tupi, e uma única migração distinta para o sul, que originou o povo guarani do Brasil e Paraguai – que foram os primeiros a ter contato com os europeus no Brasil.
Via Folha de S. Paulo