Estônia expande programa de cidadania eletrônica para o Brasil

Com essa medida, será mais fácil abrir empresas na Europa e comandá-las remotamente
Vinicius Szafran27/10/2020 19h33, atualizada em 27/10/2020 19h45

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Conhecida como o país mais digital do mundo e berço de empresas como Transferwise, Skype e Pipedrive, a Estônia anunciou seu projeto de implantação de seu primeiro escritório no Brasil para retirada do cartão de cidadania eletrônica do programa e-Residency. Ele possibilita que brasileiros abram uma empresa e consigam gerir seus negócios remotamente na União Europeia, e começará a valer a partir do primeiro trimestre de 2021.

Com o “pick-up point”, o processo para se tornar cidadão digital estoniano, que antes envolvia viajar até o país para coletar a biometria e retirar o cartão, agora será muito mais fácil, barato e rápido. A viagem será bem mais simples: basta ir ao escritório localizado em São Paulo, e lá retirar seu cartão.

“A notícia agrada, principalmente, a nova geração de empresários e fundadores de startups”, conta Raphael Fassoni, cofundador da Estonia Hub, empresa brasileira que serve de plataforma de acesso à Estônia e à União Europeia. “O Brasil hoje é considerado o quarto maior mercado digital do mundo e o ecossistema de tecnologia e startups não para de crescer”.

Apesar da distância entre os dois países, a Estônia tem interesse em se aproximar e cooperar com o Brasil. De acordo com Roberto Colin, embaixador brasileiro em Talin, capital estoniana, “as relações entre Brasil e Estônia nunca foram tão positivas”.

Atualmente, são mais de 70 mil e-residents no país, além de dez mil empresas criadas por estrangeiros. Destes, cerca de 700 e-residents são do Brasil e 100 empresas são fundadas por brasileiros. Mais informações sobre o passo a passo para a solicitação de cidadania eletrônica da Estônia podem ser encontradas no site da Estonia Hub.

“Além do potencial de mercado fornecido pelo Brasil para o e-Residency, avanços recentes como a assinatura do marco legal das startups, que irá tramitar no Congresso, e o anúncio do TSE sobre o projeto piloto de votação pela internet justificam o alto grau de otimismo do governo estoniano”, acrescenta Fassoni.

Reprodução

Talin, capital da Estônia, considerado o país mais digital do mundo. Imagem: Xantana/iStock

O Estonia Hub, fundado em 2018, promove a aproximação entre setores público e privado dos dois países, por meio de consultorias, delegações, parcerias, networking e conteúdo. Por conta da pandemia, a empresa tem trabalhado de maneira totalmente remota, e já conectou mais de 600 brasileiros com a Estônia.

“O objetivo do acordo é aumentar o acesso à residência eletrônica em diferentes partes do mundo”, explica Ruth Annus, chefe do Departamento de Política de Cidadania e Migração do Ministério do Interior. Para ela, a residência eletrônica tem um impacto positivo na economia da Estônia, criando empregos e trazendo benefícios fiscais para o país. Além da Estônia, esse método de cidadania eletrônica se estende a outros países, como Japão e EUA.

Vale ressaltar, porém, que o cartão de identificação digital do e-Residency não contém uma fotografia e não é um documento de identificação (como um passaporte, por exemplo). Por esse motivo, não fornece cidadania, residência fiscal, autorização de residência ou permissão para ingressar na Estônia ou na UE.

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital