Estados Unidos suspendem sanções contra Huawei até agosto

Medidas buscam proteger empresas norte-americanas que são parceiras da Huawei
Wharrysson Lacerda20/05/2019 23h42

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O governo dos EUA anunciou há pouco a suspensão das medidas de embargo que atingiram em cheio a Huawei. O comunicado foi feito no começo da noite de hoje (20) e trouxe alívio para o setor de tecnologia depois de um dia tenso — as ações de algumas das gigantes do setor caíram, em função das medidas restritivas previamente anunciadas pelos norte-americanos.

A medida é temporária e fica em vigor até 19 de agosto. Nesse período, a Huawei “pode fornecer serviços e suporte, incluindo atualizações de software e correções, para dispositivos que haviam sido vendidos antes de 16 de maio de 2019”, segundo o comunicado do Departamento de Comércio dos EUA.

Na prática, a decisão não busca proteger a Huawei, mas seus parceiros comerciais nos EUA. O veto repentino faria que muitas empresas precisassem rever suas estratégias em cima da hora. Isso poderia causar até blecautes de internet em diferentes regiões do país, já que a chinesa é fornecedora de equipamentos de rede nos EUA. A Huawei também importa US$ 11 bilhões anuais de empresas americanas de tecnologia e esse desfalque afetaria negativamente o faturamento dessas companhias.

Como resultado dessas medidas, o Google havia avisado no fim de semana que a Huawei perderia o suporte do sistema operacional Android. Isso afetaria milhões de consumidores da marca no mundo todo, já que, na prática, acabaria por retirar os smartphones da chinesa do ecossistema do Android.

Adiamento, não revogação

Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, o adiamento foi adotado para que os parceiros da Huawei tenham tempo de se adaptar a esse novo cenário. Muitos especialistas entendem que a nova medida foi motivada pela grande repercussão (e os grandes prejuízos) observados ao longo do dia — afinal, eles atingiram em cheio alguns nomes importantes do Vale do Silício: empresas que são centrais para a própria economia norte-americana.

No fim de semana, o fundador da Huawei, Ren Zhengfei, declarou que a empresa está pronta para suportar a pressão vinda dos EUA. Depois do anúncio do Google, porém, o humor dos mercados mudou rapidamente e um clima de tensão tomou conta do mundo da tecnologia.

A Huawei se apressou em dizer que continuaria a desenvolver seu próprio sistema operacional (algo que ela, aliás, já faz há algum tempo), mas ninguém no segmento apostaria muitas fichas na força de um sistema independente da empresa. Isso porque essa é uma seara em que a Microsoft, por exemplo, fracassou — já que não conseguiu fazer frente ao iOS da Apple e ao Android do Google.

Agora, com o adiamento anunciado pelo governo de Donald Trump, o mercado se pergunta se até agosto o cenário pode mudar e se a guerra comercial entre China e EUA pode ter contornos diferentes. Vamos acompanhar os desdobramentos.

Editor(a) chefe

Wharrysson Lacerda é editor(a) chefe no Olhar Digital