O Facebook anunciou nesta quarta-feira, 4, mais detalhes sobre o caso Cambridge Analytica, no qual uma empresa de consultoria digital teve acesso indevido a dados de milhões de pessoas por meio de um aplicativo de teste de personalidade criado por um pesquisador sem vínculos com a companhia. No fim das contas, o caso foi mais grave do que inicialmente se imaginava.

Segundo o Facebook, foram 87 milhões de pessoas que tiveram seus dados compartilhados com a Cambridge Analytica de forma indevida, o que é quase o dobro do que se imaginava quando o caso veio a público. Na ocasião, suspeitava-se de apenas 50 milhões de pessoas afetadas.

Uma informação que não se tinha até o momento é se pessoas de outros países foram afetadas em toda essa situação. O comunicado do Facebook mostra que sim. A maior parte das contas atingidas são dos Estados Unidos, mas cerca de 17 milhões de contas, incluindo 443.117 brasileiras, também podem ter tido seus dados compartilhados de forma indevida. O Facebook diz que vai alertar diretamente todos os usuários que podem ter sido afetados.

 

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Os dados vieram por meio de um teste de Facebook chamado “thisisyourdigitallife”, que foi feito por quase 300 mil pessoas. O problema é que, até 2014, a rede social permitia que você compartilhasse também os dados de seus amigos com aplicativos sem pedir para você ou para seus contatos. Desta forma, o número de afetados cresceu vertiginosamente. Aleksandr Kogan, autor do teste, então repassou essas informações para a Cambridge Analytica, o que é irregular pelos termos do Facebook, mas mostra também a falta de controle que a empresa tem sobre como os dados de seus usuários são usados, que gerou a crise na qual a companhia se encontra atualmente.

Desde que o caso veio a público, o Facebook tem tentado controlar os danos anunciando uma série de medidas para limitar a coleta de dados e impor mais restrições sobre como esse conteúdo pode ser usado. A companhia passará a aprovar diretamente aplicativos que usem o Facebook Login para autenticação que peçam permissão para acessar informações como histórico de check-ins, fotos, publicações, vídeos, eventos e grupos. Além disso, desenvolvedores também não poderão mais solicitar acesso a informações como orientação política e religiosa, situação de relacionamento ou histórico escolar ou profissional.

Zuckerberg convocado a depor

Diante da repercussão do caso Cambridge Analytica, o Facebook também chamou a atenção do governo dos Estados Unidos, que convocou Mark Zuckerberg a depor sobre o caso diante do Congresso americano sobre a atuação do Facebook na proteção dos dados de seus usuários. O depoimento foi marcado para daqui a uma semana, no dia 11 de abril.