Entenda o que determina se uma câmera de smartphone é boa ou ruim

Renato Santino14/04/2016 20h14, atualizada em 14/04/2016 20h20

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Felizmente, passamos da época em que achávamos que os megapixels eram a única métrica de qualidade de uma câmera para smartphones. Hoje uma boa parte do público sabe que os megapixels têm duas funções claras: criar uma imagem enorme, que pode ser impressa até mesmo em um outdoor, ou permitir o zoom digital sem grande perda de detalhes.

Mas afinal de contas, se os megapixels não são uma medida muito boa de qualidade da câmera de um celular, como ver, no papel, se a câmera é boa? A resposta, infelizmente, vai te decepcionar: não existe como ter dimensão real da qualidade de uma câmera sem, de fato, testá-la.

Isso não significa que o interessado está às cegas na hora de comparar as câmeras pelas especificações no papel. Há alguns indícios que dão pistas sobre o potencial do smartphone, e nós vamos tentar esclarecer o que influencia a qualidade de uma fotografia.

Sensor

Existem inúmeros sensores em smartphones, que se diferenciam em qualidade, tipos e tamanhos, mesmo em um espaço tão pequeno quanto um celular. Eles fazem toda a diferença na hora de fotografar, mas, em geral, um sensor maior é melhor do que um menor, se todas as outras condições forem iguais.

A tarefa do sensor é transformar a iluminação em sinais elétricos. Um sensor maior pode gerar pixels maiores, que é mais sensível à luz e vai se traduzir também em melhores imagens em ambientes escuros, mas alguns detalhes podem ser perdidos quando a contagem de pixels é baixa. Câmeras com muitos megapixels tendem a ter pixels pequenos, tornando-as pouco sensíveis à luz, mas também faz com que elas sejam melhores para capturar detalhes. É uma questão de equilibrar as duas coisas.

Lentes

Antes de chegar ao sensor, a luz precisa passar pelas lentes. Faz diferença a qualidade do vidro usado, mas o fator que pode ser observado com maior clareza é a abertura das lentes. Como as câmeras de celular tem aberturas fixas, a regra geral é que uma abertura maior é melhor.

A abertura é responsável por definir quanta luz entra no sensor. Uma câmera com abertura grande permitirá maior entrada de luz, o que tem dois efeitos principais: melhor desempenho em iluminação ruim e maior velocidade na captura de fotos. Aberturas pequenas forçam o obturador a permanecer aberto por mais tempo para capturar mais luz para compensar, o que aumenta as chances de imagens borradas. Aberturas grandes permitem um menor tempo de exposição, favorecendo a definição adequada.

A abertura grande também permite a separação do plano de fundo e do objeto em primeiro plano. A abertura menor tende a focalizar todo o cenário, sem alterações na profundidade de campo.

É importante observar: a abertura é medida por uma letra “f” seguida por um número. Quanto menor o número, maior a abertura da lente. Ou seja: f/1.7 é maior do que f/1.8, que, por sua vez, é maior que f/2.2, por exemplo.

Estabilização

Quem nunca perdeu uma foto por causa da mão tremendo? Esse é o trabalho da estabilização da imagem. Existem dois tipos de estabilização: óptica e eletrônica. Em geral, a primeira opção é melhor.

A estabilização eletrônica é feita via software, por meio de um algoritmo que tenta corrigir o movimento das mãos do usuário. Ela normalmente é capaz de corrigir pequenos problemas, mas tem problemas em casos de vídeos.

Já a estabilização óptica é feita via hardware, com componentes flexíveis para evitar que a câmera se movimente demais na hora da foto e do vídeo. É uma opção geralmente superior, tanto para foto, permitindo até mesmo fotos com maior tempo de exposição sem tantos borrões, quanto para vídeo.

Software

Finalmente, depois que a luz passou por todas estas etapas, chegou a hora do software processar as imagens capturadas. Aqui, cada empresa tem suas próprias características sobre como processar as imagens registradas pelo sensor. Alguns aparelhos dão maior foco no aumento da nitidez, enquanto outros se dedicam à redução do ruído.

Também existem questões de cores, já que alguns modelos puxam a imagem para cores mais quentes (amarelo e vermelho), enquanto outros pendem mais para as cores frias (azul e verde). Algumas aumentam a saturação da imagem, enquanto outras podem fazer imagens mais discretas. O software também determina se a imagem passou por uma superexposição ou se foi subexposta.

O software determina muito da qualidade final da foto, mas é a questão mais difícil de medir sem colocar as mãos em um aparelho. Além disso, atualizações podem mudar as características de uma câmera apenas via software, então este quesito também é volátil.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital