Entenda como funciona a abertura ajustável da câmera do Galaxy S9

Renato Santino26/02/2018 22h48, atualizada em 26/02/2018 22h50

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Diante do anúncio do Galaxy S9, pode parecer que há poucas novidades em relação ao S8, e é uma impressão parcialmente correta. Os dois modelos são muito parecidos fisicamente e vários dos novos recursos pareceram pouco interessantes. No entanto, existe uma inovação realmente interessante no novo celular da Samsung: a câmera.

Mais especificamente, a lente do S9 pode operar com duas aberturas diferentes, o que faz com que ela se torne mais versátil. Com o recurso, o celular é capaz de fotografar com a abertura f/1.5 e f/2.4, o que não era visto em celular há praticamente uma década, desde que a Nokia lançou o N96 em 2009. Desde então, câmeras de celulares sempre apostaram em uma única abertura.

Se você não entende nada de fotografia, aqui vai uma explicação básica. Esses números que seguem o “f/” indicam a abertura relativa da lente; quanto menor o número, mais ampla é a abertura. A abertura define a quantidade de luz que os sensores captam na hora de tirar uma fotografia, de forma similar ao olho humano. Se você estiver no escuro, sua pupila vai dilatar para permitir que mais luz seja captada e você consiga enxergar um pouco melhor; quando você estiver no sol, ela vai se retrair para compensar o excesso de iluminação e permitir que você consiga enxergar confortavelmente, ou você conseguiria ver apenas a cor branca.

Por mais que câmeras de celulares tenham avançado em sua capacidade nos últimos anos, elas ainda ficam atrás das DSLR, claro, que são equipamentos dedicados a fotografia. Neste tipo de equipamento específico, o fotógrafo tem domínio total sobre a abertura da lente, o que proporciona, o que permite controlar a quantidade ideal de luz em uma foto. Nos smartphones, por restrições físicas devido ao tamanho do módulo de câmera, esse controle não existe: com uma única abertura para situações claras ou escuras, o usuário precisa confiar na capacidade do celular em interpretar as condições de luz ao seu redor e ajustar os outros elementos que compõem a fotografia, como ISO e tempo de exposição.

Durante muitos anos, a indústria empurrou os megapixels na garganta do público como métrica de qualidade de câmera, o que não é verdade absoluta (mais megapixels podem ser úteis, mas não determinam a qualidade final); depois veio a corrida da maior abertura possível, o que é uma métrica um pouco melhor para definir a capacidade, mas ainda não conta a história completa da capacidade. Sim, a abertura maior é ideal para captar fotos com pouca luz, mas nem sempre ela é a melhor opção.

Reprodução

Como no exemplo do olho, uma abertura muito grande diante de uma situação de muita luz pode causar superexposição, resultando em uma imagem ruim. Não só isso, mas a abertura grande também apresenta menor profundidade de imagem, o que pode resultar em um efeito ótimo de bokeh, o famoso “fundo borrado”, mas nem sempre ele é desejável. Às vezes você quer tirar uma foto com maior profundidade e a abertura maior não vai permitir.

Um outro efeito colateral da abertura ampla é que o ponto de maior definição de uma lente é sempre o seu centro. O objeto no centro da imagem tende a ser retratado de forma mais precisa do que nos cantos. Quando a abertura é muito grande, essa distorção nos cantos tende a se acentuar, enquanto aberturas menores não sofrem tanto com isso, justamente por haver uma distância pequena em relação ao centro da lente.

É por isso que a abertura alternável do S9 é tão importante. Ela cria um cenário em que a câmera do celular pode ter maior flexibilidade para alcançar a melhor foto. Se estiver escuro, a abertura ampla entra em ação para obter mais luz, mas quando isso não for necessário, uma abertura menor pode ser o suficiente e até melhor. Com isso, o celular depende menos de algoritmos e compensações para fazer uma boa foto, criando um resultado mais natural.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital