O YouTube não quer ser mais só um site onde você despeja vídeos de uma festa, do seu cachorro, do batizado do seu sobrinho ou estes momentos mais cotidianos. Sim, estes vídeos ainda são importantes, até pelo potencial viral (e financeiro, claro), mas a meta da empresa agora é outra: combater a televisão.
É um fato. Crianças já estão crescendo com o YouTube presente em suas vidas. Desde muito pequenas são apresentadas à Galinha Pintadinha e seu poder hipnótico. Ao crescerem, começam a descobrir os Youtubers e começam a seguir seus canais favoritos. Isso acontece em detrimento da TV, em um movimento internacional que também se vê no Brasil. Basta lembrar que há alguns anos a Globo eliminou da sua programação a “TV Globinho” para exibir conteúdo jornalístico ou voltado para mulheres, visando as donas de casa que ainda não têm o hábito da internet encrustado em seus cérebros, como as crianças que já nascem conectadas.
Só que o YouTube também quer e precisa dos adultos que ainda não estão vivendo nessa realidade. Prova disso é que a empresa adquiriu os direitos de transmitir os jogos da Copa do Rei, um dos campeonatos nacionais de maior destaque no mundo. Não, as transmissões não serão grátis. O Google cobrará 5 euros por partida ou 20 euros por todo o torneio.
É um passo pequeno, ao mesmo tempo que se trata de um avanço gigante. Sim, é apenas uma competição esportiva entre tantas outras no mundo. Mas é, ao mesmo tempo, algo novo, que antes só era visto na televisão. Significa que o Google já se sente capaz de realizar transmissões ao vivo para milhares, talvez milhões de pessoas, sem comprometer a qualidade do espetáculo por falta de infraestrutura dos servidores.
Quanto tempo até o YouTube começar a avançar sobre competições maiores? Indo para o Campeonato Espanhol; depois, outros torneios nacionais europeus; em seguida, a Liga Europa, e, quem sabe, a Liga dos Campeões? Até chegarmos ao nível da Olimpíada, a Copa do Mundo, o Mundial de rúgbi e outros. Dinheiro para adquirir direitos de transmissão o Google tem de sobra, certamente. Poderemos ver um avanço sobre outras ligas esportivas, como a NBA, NFL e, quem sabe, algo no Brasil? Se cuida, Globo.
Sim, o YouTube quer ser a nova televisão. Mas para isso, precisa ir muuuuito além dos esportes, também. O YouTube Red já é um começo disso. A empresa começa a produzir programação original que irá diferenciá-la de todos os outros serviços de mídia, online ou offline. Até o momento ela é limitada a parcerias com alguns canais mais populares, mas também não deve demorar muito para começarmos a ver seriados exclusivos. Novelas? Telejornais? Programas de auditório? Reality shows? Nada disso está fora do campo da realidade.
E assim, dentro de algum tempo devemos ver o YouTube operando de forma similar à Netflix: hospedando conteúdo de terceiros e criando seu próprio material que vai ser a diferença para o resto. A diferença para a atual situação da Netflix é a capacidade de transmissões ao vivo, embora nada impeça a empresa de começar a investir em algo do tipo em breve.
No fim das contas, é bastante provável que a transmissão de futebol seja só um teste para algo bem maior que está por vir para o YouTube. O serviço, que já é a TV da nova geração de jovens, que ser também a TV da velha geração. Parece ser questão de tempo.