Empresas estão escondendo seus celulares dobráveis, e isso não é um bom sinal

A Samsung está mantendo o Galaxy Fold sob sigilo absoluto, e a Huawei está limitando consideravelmente o acesso ao seu celular
Renato Santino25/02/2019 23h12, atualizada em 25/02/2019 23h30

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Finalmente chegamos à era dos celulares dobráveis. Samsung, Huawei e Oppo já reveleram aparelhos que contam com esta tecnologia e outras fabricantes devem apostar no formato dentro de algum tempo; a Xiaomi, por exemplo, já teve vídeos de protótipos divulgados. O que é curioso, no entanto, é o sigilo: as empresas estão dificultando consideravelmente que estes aparelhos sejam testados.

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Começando pela Samsung e seu Galaxy Fold. A empresa anunciou o híbrido de tablet e celular com tela dobrável durante o evento de anúncio do Galaxy S10, realizado em San Francisco. Os jornalistas que foram ao evento esperavam ter a oportunidade de conhecer de perto do Fold, já que seu lançamento está razoavelmente próximo, com previsão de chegada às lojas prevista para o final de abril.

Isso não foi possível. Ninguém pode chegar nem perto do Galaxy Fold. Não havia nem ao menos uma unidade do celular em exposição atrás de uma redoma de vidro. Ninguém conseguiu tirar uma foto do primeiro dispositivo dobrável da Samsung após anos de expectativa.

Em geral, isso não é um bom sinal. Manter um sigilo tão apertado sobre um produto que está prestes a ser lançado demonstra falta de confiança da empresa. Em geral, aparelhos estão disponíveis para experimentação assim que são anunciados justamente para gerar antecipação e expectativa por parte do público. A ideia é justamente dar espaço para que jornalistas e influenciadores deem uma visão mais pessoal aos seus respectivos públicos sobre o produto.

No entanto, quando a decisão da empresa é esconder o aparelho tão perto do lançamento, a impressão passada é que uma análise mais de perto do produto passaria aos jornalistas e influenciadores uma sensação negativa, que poderia manchar o lançamento do aparelho. É comum manter sigilo sobre um aparelho quando ele está longe de ser lançado, porque normalmente estes aparelhos sofrem mudanças tanto em software quando em hardware, mas faltando apenas dois meses, não há mais muito o que possa ser mudado.

O único vídeo de primeiras impressões do Galaxy Fold até o momento foi publicado pela… Samsung, e, por mais que você goste da marca, é um fato que eles farão de tudo para apresentar apenas os lados positivos do produto. É por isso que é importante uma visão externa.

O caminho tomado pela Huawei talvez seja um pouco mais interessante neste sentido. Sim, a empresa também apresentou um celular dobrável, chamado de Mate X, durante a MWC 2019. E, sim, a empresa também manteve sigilo absoluto no dia do lançamento, mantendo a maior parte dos curiosos longe.

No entanto, no dia seguinte, a empresa resolveu apresentar o aparelho à mídia atrás de portas fechadas, com todo o cuidado do mundo, apenas para alguns veículos. Ainda que isso restrinja o acesso à maior parte da imprensa e também do público, já é uma forma de demonstrar que um aparelho é real, e não é apenas vapor. Demonstra confiança o suficiente para conseguir mostrar sua tecnologia para o mundo e acreditar que isso pode gerar interesse por parte de possíveis compradores, e não os afastar.

Por que esconder?

É fato que os produtos apresentados por Huawei e Samsung são altamente experimentais. Eles têm toda a cara de protótipos, ainda que já estejam projetados para chegar ao mercado dentro de pouco tempo. Existe um risco grande em apresentar tecnologia em fase experimental ao público, com o medo de expor os defeitos destes produtos antes da hora.

No entanto, ao menos no caso da Huawei, os curtos testes que foram permitidos a jornalistas foram positivos, mesmo com todo caráter experimental do Mate X. Quem viu o aparelho de perto ficou legitimamente interessado, apesar de uma ou outra crítica como a dobradiça pouco natural que permite a dobradura do aparelho, como relatou a análise do site The Verge, as impressões são positivas. A única crítica pesada é sobre o preço altíssimo dos produtos, que se justificam exatamente pelo fato de que estes aparelhos são totalmente novos, e estão criando um mercado novo; é natural que as empresas tentem acertar o preço correto com base em tentativa e erro no princípio.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital