Empresas de tecnologia são as maiores derrotadas com a posse de Trump

Equipe de Criação Olhar Digital09/11/2016 16h41

20160318172917
Publieditorial

Donald Trump é o novo presidente dos Estados Unidos, um fato que deve ter muitas ramificações tanto dentro quanto fora do país. No entanto, o aspecto que tange ao Olhar Digital é notar como o maior polo de tecnologia do mundo, o Vale do Silício, sai derrotado das eleições.

Agora empossado, Trump sempre demonstrou conflito com a indústria de tecnologia, o que fez com que vários líderes do Vale do Silício assinassem uma carta aberta contra o futuro presidente do país. Isso incluía grandes executivos de Facebook, Apple, Twitter, Google, Reddit, eBay, Wikipedia, Tumblr, entre várias outras empresas menos conhecidas, mas relevantes.

Mark Zuckerberg já havia entrado em conflito com Trump. Em apresentação em abril, durante a conferência F8, o fundador do Facebook dedicou um tempo a criticar propostas do novo presidente dos EUA:

“Conforme eu observo em minhas viagens pelo mundo, estou começando a ver pessoas se voltando para dentro, contra a ideia de um mundo conectado e uma comunidade global. Ouço vozes com medo pedindo pela construção de muros e se distanciando de pessoas enquanto rotulam as pessoas”, disse Zuckerberg, fazendo referência óbvia ao plano de Trump para construir um muro entre México e Estados Unidos.

Além disso, em março deste ano, grandes nomes como Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX; Larry Page, CEO da Alphabet (Google); Tim Cook, da Apple, entre outros grandes bilionários, se reuniram para tentar barrar o avanço de Trump enquanto ele ainda era apenas um pré-candidato pelo Partido Republicano, numa tentativa de emplacar outro nome. Como se sabe agora, não deu certo.

Junta-se a isso o fato de que Trump sempre devolveu a hostilidade à indústria de tecnologia:

  • As empresas pedem um relaxamento nas leis de imigração para poder atrair mais trabalhadores qualificados, mas Trump não tem uma posição muito clara sobre o assunto;
  • Trump prometeu forçar a Apple a produzir os iPhones nos EUA, o que encareceria a produção e, consequentemente, o produto;
  • Ele criticou Tim Cook e a Apple por não desbloquear o iPhone de um terrorista envolvido nos atentados em San Bernardino no fim do ano passado;
  • Ele é a favor do monitoramento em massa da NSA denunciado por Edward Snowden, enquanto as empresas de tecnologia tentam se livrar das obrigações de coletar e repassar dados ao governo para fins de espionagem;
  • Ele é contra a neutralidade da rede, que é algo pelo qual a maior parte das empresas de tecnologia luta a favor;
  • Trump sugeriu o “fechamento da parte da internet onde está o Estado Islâmico”, pedindo a cooperação de Bill Gates e empresas de tecnologia. Isso é tecnicamente impossível;
  • O novo presidente também sempre se mostrou reticente em relação a questões de cibersegurança do país;
  • A cultura de diversidade do Vale do Silício conflita diretamente com vários comentários preconceituosos feitos sobre mulheres, gays e imigrantes. A Califórnia, onde está o Vale do Silício, é um estado considerado progressista (ou liberal, nos termos usados nos EUA) e, não à toa, Hillary Clinton venceu na região.