A empresa Biocarbon Engineering está realizando uma parceria com a ONG Worldview International Foundation (WIF) para revitalizar a vegetação das margens de um rio em Myanmar, antiga Birmânia. O projeto usará uma tecnologia da empresa que permite plantar até 100 mil árvores por dia usando drones especializados.
Segundo o site Fast Company, o objetivo é acelerar o projeto de revitalização da mata ciliar do rio Irrawaddy. A região sofreu desmatamento por causa das plantações de arroz e das criações comercial de camarão, o que teve efeitos negativos para o ambiente local. Esse desmatamento também foi prejudicial à pescaria na região, já que destruiu o manguezal que servia de habitat para os peixes.
Há cinco anos, a WIF vem investindo no reflorestamento da região. No entanto, a parceria com a empresa que opera os drones deve tornar o processo mais rápido e menos custoso. Além disso, as pessoas envolvidas no projeto poderão focar no tratamento das árvores plantadas, aumentando as chances de que cada planta sobreviva. O objetivo final da parceria é plantar cerca de um bilhão de árvores na região.
Drones ambientais
Para plantar as árvores, a empresa opera em duas fases diferentes. Primeiramente, eles enviam um drone de asa fixa para sobrevoar a região em altitude elevada. Durante seu voo, esse drone captura imagens do solo, avaliando o relevo da região, as outras plantas que existem lá e os eventuais obstáculos. A empresa usa esses dados para determinar os melhores locais para o plantio e até mesmo as plantas com maior chance de sobrevivência.
Em seguida, a empresa gera um trajeto otimizado de plantação que evita tanto quanto possível os obstáculos e privilegia as áreas com maior chance de sucesso. Drones com hélices então voam por esse trajeto, disparando cápsulas contendo as sementes na direção do solo. As cápsulas são disparadas com alguma velocidade, o que faz com que elas afundem na terra. E elas são feitas de material biodegradável que aumenta as chances de que a planta venha a germinar. O vídeo abaixo ilustra todo o processo:
De acordo com Irina Fedorenko, uma das fundadoras da empresa, o método é muito mais eficiente do que o uso de aeronaves para espalhar sementes. “Se você fizer a disseminação aérea (…) elas [as sementes] podem cair em uma pedra, podem cair num brejo, e então elas não vão sobreviver. Mas nós conseguimos controlar esses fatores”, explica.
No final do processo, todos os dados coletados pelos drones e pelas pessoas envolvidas no projeto é alimentado a algoritmos da empresa. Esses algoritmos conseguem usar os dados para determinar quais foram as melhores combinações de sementes e locais, e consegue oferecer estimativas ainda mais precisas durante o próximo projeto.
No mangue
Um desafio específico que as margens do rio Irrawaddy apresentam, no entanto, é que elas são uma região de mangue. As árvores nessa região servem de abrigo para peixes e outros seres vivos, e também podem ajudar na mitigação dos danos nos casos de desastres naturais como tufões. No entanto, elas precisam ser plantadas debaixo da água, e será a primeira vez que os drones da empresa operam nessa situação.
Membros das comunidades próximas ao rio serão pagos para juntar sementes e inserí-las nas cápsulas que serão disparadas pelos drones. Eles também ficarão responsáveis por acompanhar seu desenvolvimento.
A WIF também pretende intercalar as áreas de reflorestamento com pequenas plantações de arroz ou trigo. Isso é importante porque, sem elas, haverá novamente uma pressão econômica que favorece o desmatamento. Segundo Fedorenko, “a fundação quer garantir que depois que a mata seja restaurada, as pessoas tenham um incentivo para mantê-la e se importar com ela”.