Imagine se em vez de ter vários dispositivos com sistemas e apps diferentes – um celular Android, um iPad, um PC – você tivesse apenas um computador virtual ao qual todos esses dispositivos se conectassem? Essa é a ideia por trás do Shadow, um sistema criado pela empresa françesa Blade que “aluga” um PC virtual monstruoso que roda em todos os seus aparelhos.
O aplicativo se conecta a uma máquina virtual localizada nos servidores da Blade que aloca recursos de hardware de acordo com as suas necessidades. Se você só quiser usar o celular para acessar um documento gravado nela, por exemplo, ela terá relativamente pouca RAM e poder de processamento. Mas se você quiser rodar um jogo em 4K a 60 quadros segundo na sua TV, por outro lado, ela se adapta para suprir essa demanda.
E de acordo com o Wall Street Journal, que pode testar os recursos da empresa, o sistema funciona a ponto de abrir todo um novo leque de possibilidades. Ele permite, por exemplo, rodar jogos exigentes do Windows 10 em um celular Android, ou usar a versão desktop de programas de edição de vídeo para Windows 10 em um iPad. Os controles, gráficos e interfaces em geral se adequam bem às diferentes telas, segundo a opinião do site.
Como o hardware do computador é alocado pelos servidores da empresa, nunca será necessário atualizar seu PC – a empresa cuida disso e dá aos seus clientes acesso aos novos recursos de hardware. No entanto, o sistema não pode ser usado para mineração de criptomoedas, algo que a Blade diz ser capaz de detectar rapidamente graças aos picos de uso de placas de vídeo que elas causam.
Preço a pagar
Fora isso, o sistema também tem outros problemas, em especial o fato de que a conexão com a máquina virtual se dá por meio da internet. E por isso, é necessário ter uma conexão muito robusta para acessar seu computador virtual. Se você não tiver internet, não terá computador. Fora isso, embora seu PC virtual funcione como um computador pessoal físico (com seu próprio armazenamento, sua própria área de trabalho, etc.), ele não tem um acesso físico, como portas USB.
Ainda é possível contornar esse problema comprando um aparelho vendido pela Blade chamado de “Shadow Box” – que é essencialmente uma caixa cheia de portas por meio das quais é possível conectar mídias físicas ao PC virtual, e custa US$ 140 (R$ 455 na conversão direta). O plano de acesso à máquina virtual, por sua vez, sai por US$ 50 (R$ 162) por mês, ou US$ 35 (R$ 113) por mês na compra de um plano anual.
Pode parecer caro, mas como o Wall Street Journal ressalta, o computador ao qual o plano dá acesso custaria cerca de US$ 2.000 para ser comprado (R$ 6.511 na conversão direta, possivelmente bem mais para comprar os componentes no Brasil). E o PC que você compraria não poderia ser acessado diretamente de seu tablet, celular ou da sua TV.
Mesmo com essas vantagens, o site ainda não recomenda a assinatura do serviço por conta de instabilidades: o número de problemas de lag, atrasos e indisponibilidades que eles encontraram durante os testes era preocupante, considerando o quanto dependemos de nossos PCs atualmente. Mas o site considera que com a resolução desses problemas o Shadow pode acabar se tornando o computador definitivo do futuro.