3% é interessante, mas enredo previsível não empolga

Redação30/11/2016 14h40, atualizada em 30/11/2016 15h00

20161130125951

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Depois de anos de espera, a primeira série brasileira da Netflix entrou no catálogo do serviço de streaming na última semana. Com enredo que tenta fazer frente às produções hollywoodianas, 3% chega a ser interessante nos primeiros episódios. E apenas neles.

A falta de consistência e o roteiro carente de emoção a coloca bem longe de produções famosas – e endinheiradas –, como Stranger Things e Orange Is The New Black.

E não haveria problema algum em estar devendo para essas séries em critérios que envolvessem uma grande quantidade de dinheiro investida. É perfeitamente aceitável que ainda não tenhamos a mesma qualidade de efeitos visuais de Stranger Things ou o elenco recheado de nomes de peso de House of Cards.

Reprodução

O que incomoda mesmo é o roteiro, que chega a ser bastante previsível em alguns episódios e que não gera expectativa para que o telespectador não saia da frente da TV. A falta de personagens com personalidades mais fortes também deixa a desejar.

O antagonista da série, Ezequiel (João Miguel), é um personagem conturbado e que não decola. Ele não é maléfico o suficiente para assustar ou deixar os telespectadores nervosos e também não passa a imagem de “estar apenas fazendo o que acredita ser certo” para tornar suas ações perdoáveis. É um personagem confuso e incompleto.

Em contrapartida temos Joana (Vaneza Oliveira). A atuação da atriz se destaca por retratar o drama de quem não tem nada a perder e que não vai levar desaforo pra casa. Em relação aos outros candidatos principais, Michele (Bianca Comparato), Fernando (Michel Gomes) e até Rafael (Rodolfo Valente), ela é a que mais chama a atenção.

Reprodução

Enredo de altos e baixos – contém spoilers

Os primeiros capítulos dessa história são os mais divertidos. Chega a ser assustadora a pressão que os entrevistadores colocam nos candidatos durante a primeira prova do processo. A etapa dos cubos tenta mostrar que alguns candidatos farão de tudo para passar.

O que incomoda é que nos episódios seguintes você já começa a sacar quem será eliminado e quem vai passar para a próxima etapa. Na prova das moedas estava claro que algum dos personagens coadjuvantes sairia. A mesma previsibilidade se repete na prova do apartamento.

As relações entre os candidatos também poderiam ter sido melhor exploradas. Joana poderia ter se aproveitado mais das informações que tinha a respeito de Rafael e vice-versa. Michele e Fernando fazem um casal sem graça e que não sabe se vai ou se fica. O drama de Marco (Rafael Lozano) também tinha potencial para ser explorado, principalmente na questão da pressão familiar que o rapaz sofreu para passar no processo.

Reprodução

A falta de cliff-hangers entre os episódios e até mesmo ao final da temporada é o principal problema. Não que precise ser algo realmente forçado como em The Walking Dead. Mas, pelo menos, que gere alguma expectativa para que o telespectador fique ansioso pelo próximo episódio.

Por fim, a crítica à meritocracia, principal ponto do seriado, é bem construída. Ela força o conceito aos níveis extremos e vai bem por não esquecer de mostrar que até mesmo quem não é aprovado no processo ainda deposita sua fé nesse tipo de seleção.  

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital