O ciclo de lançamentos na indústria da tecnologia é cada vez menor, impondo pressão às empresas por novidades que surpreendam os consumidores. Para atender ao apertado calendário da inovação, as companhias mantêm áreas dedicadas a materializar qual será o próximo produto a caminho das prateleiras. No caso da Samsung, muitas dessas ideias nascem no escritório de design localizado em São Francisco, nos EUA, próximo ao Vale do Silício.
O Olhar Digital visitou o local na semana seguinte à CES, maior feira de tecnologia do mundo, que acontece no começo do ano em Las Vegas (saiba como foi). Por motivo de confidencialidade, não foi possível registrar fotos do ambiente repleto de protótipos que estão prestes a se tornar produtos reais. A tarefa de explicar o dia-a-dia da busca por soluções inéditas coube a três porta-vozes, que conversaram com um grupo restrito de jornalistas para explicar como os conceitos ganham vida.
O desenvolvimento de novos produtos passa por três etapas: descoberta, criação e entrega. Segundo Greg Holt, diretor da área de produto e estratégia, os problemas enfrentados pelos consumidores são a principal fonte de inspiração para o surgimento de um aparelho. Na visão dele, as melhores ideias são aquelas capazes de “reduzir o estresse e oferecer conveniência às pessoas” por meio da tecnologia. O Uber, diz ele, é um bom exemplo do casamento entre estes dois fatores por acabar de forma simples com a incômoda espera por táxis na rua.
Passo a passo
Identificada a oportunidade e com a ideia na cabeça, a equipe de design realiza um amplo estudo de mercado com o objetivo de mapear o potencial de negócios. Sem este embasamento, não é possível partir para a criação do protótipo. “Não queremos fazer coisas apenas bonitas e que não vendam”, resume Holt. A proposta, então, é submetida à sede da empresa na Coreia do Sul, que é responsável por determinar o futuro do conceito: se ele será desenvolvido e lançado no mercado ou se ficará no papel.
Nos últimos dois anos, o núcleo de design da Samsung em São Francisco idealizou e apresentou 16 projetos, dos quais oito estão no mercado e o restante está suspenso ou foi descontinuado. Entre os produtos criados no laboratório na cidade americana se destacam a pulseira fitness Galaxy Gear Fit (acima), já em sua segunda versão, e o tablet Galaxy View (abaixo), cuja primeira representação foi no formato de papelão, para que a equipe pudesse visualizar a aparência do produto, que tem 18,4 polegadas, em cima da mesa.
De acordo com os designers da Samsung, um produto leva, em média, entre um e dois anos para ficar pronto. Ao longo do processo os protótipos passam por testes relacionados à usabilidade e ao desempenho, para que seja possível antecipar a experiência do usuário. Segundo os porta-vozes, fazer escolhas é um dos principais desafios. “Poderíamos criar uma bateria que dure uma década, mas ela seria do tamanho desta sala. Quem está disposto a andar com um aparelho gigante?”, questiona o designer industrial Jeffrey Jones.
E depois?
Após o produto ser lançado, começa a segunda parte do trabalho dos designers: observar a aceitação do público e aprender com ele. Os relatos dos usuários, bem como as análises de profissionais e jornalistas especializados, são considerados para a tomada de decisões. Dependendo do retorno do que vem “da rua”, dizem os designers, o produto pode perder recursos, ganhá-los ou ser reformulado do zero.
*O jornalista viajou a convite da Samsung