Surgiram nesta segunda-feira, 10, novidades na disputa judicial entre a Uber e a Waymo, empresa que nasceu como uma divisão do Google e que hoje pertence ao mesmo conglomerado, a Alphabet. A briga das duas companhias tem a ver com tecnologias de carros autônomos.

A Waymo acusa a Uber de ter usado informações roubadas para construir seu programa de carros autônomos nos EUA. O caso gira em torno de Anthony Levandowski, um ex-engenheiro da Waymo que saiu da empresa supostamente levando 14 mil documentos roubados.

Em seguida, Levandowski fundou a própria empresa, a Otto, para desenvolver carros autônomos, que, em seguida, foi comprada pela Uber. O engenheiro então passou a trabalhar como principal responsável pelo desenvolvimento de veículos que se dirigem sozinhos na Uber.

Segundo a Waymo, os documentos roubados permaneceram sendo usados como fonte de informação para a Uber. Mais especificamente, a empresa-irmã do Google acusou a rival de ter violado quatro patentes registradas nos EUA. Pelo menos até esta semana.

Como informa o site TechCrunch, a Waymo desistiu de defender três das quatro patentes que eram citadas na acusação. Segundo a empresa, esses três documentos dizem respeito a um sistema de radar guiado por luz (o chamado “lidar”) que a Uber não usa mais. A patente que permanece no caso, por sua vez, diz respeito ao atual software de lidar usado pela Uber.

Em nota, a empresa de transporte por aplicativo disse que a desistência da Waymo de defender três das quatro patentes “é mais um sinal de que eles fizeram muitas promessas que não podem ser cumpridas”, e que “eles agora admitem que o design do lidar da Uber é, na verdade, muito diferente do usado por eles”.

A Waymo, por sua vez, diz que a decisão tem a ver com uma ordem do juiz William Alsup, que cuida do caso. O magistrado obrigou ambas as empresas a simplificar seus argumentos no tribunal para ajudar o júri a entender melhor a disputa. O primeiro julgamento deve acontecer apenas em outubro.

Rivais, mas quase parceiras

Em outra notícia relacionada à briga entre Google e Uber, o site Engadget revelou que as duas empresas quase foram parceiras, ao invés de rivais, no ramo de carros autônomos. Tudo teria começado em 2015, com uma reunião entre Travis Kalanick, presidente da Uber, e Larry Page, presidente da Alphabet.

Numa troca de e-mails anexada ao processo, Kalanick comenta com o diretor jurídico da Alphabet, David Drummond, sua preocupação com os rumores de que a Waymo pretendia lançar um serviço de transporte privado por aplicativo usando seus carros autônomos, tornando-se, assim. concorrente da Uber.

Kalanick diz nos e-mails que queria uma reunião com Larry Page para tratar do assunto, mas que o executivo do Google andava “evitando encontros” com ele. No fim das contas, os dois tiveram uma reunião, na qual Page teria proposto que ambas as empresas fizessem uma parceria para desenvolver carros autônomos.

O caso é que, tempos depois, Page votou contra essa ideia numa reunião do conselho da Alphabet, em que foi proposta a ideia de uma parceria com a Uber. Em vez disso, em maio deste ano, a Waymo anunciou uma parceria com a Lyft, outra empresa de transporte por aplicativo que é concorrente direta da Uber nos Estados Unidos.

Os advogados da Uber agora pretendem pedir que Larry Page seja convocado a depor no processo contra a Waymo. O objetivo é esclarecer o motivo que levou o executivo a posicionar a Alphabet como rival da Uber anos atrás, antes mesmo de todo o processo por violação de patentes começar.

Em nota divulgada à imprensa, a Waymo respondeu às acusações. “A Uber continua descaracterizando nossos argumentos com o objetivo de distrair as pessoas do ponto principal: de que a Uber está usando informações secretas roubadas da Waymo”. A empresa de transporte, por sua vez, diz que quer apenas esclarecer “as reais intenções” da Waymo com o processo.