Dispositivo vestível consegue prever convulsões epilépticas

Sistema baseado em algoritmos de aprendizado de máquina analisa sinais do cérebro para prever convulsões futuras com até uma hora de antecedência
Renato Mota29/09/2020 20h08

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Uma doença neural altamente invasiva, a epilepsia pode ser também debilitante. Até 30% dos pacientes não respondem adequadamente aos medicamentos antiepilépticos e vivem sob o medo constante de convulsões iminentes. Mas pesquisadores israelenses desenvolveram um dispositivo que pode alertar seu usuário sobre crises até uma hora antes de seu início.

O Epiness foi criado na Universidade Ben-Gurion de Negev (BGU) e usa aprendizado de máquina para criar um algoritmo que alimenta um dispositivo vestível. O sistema envia um alerta para o smartphone do usuário para ajudar a evitar lesões relacionadas às convulsões.

“As convulsões epilépticas expõem os pacientes com a vários riscos evitáveis, incluindo quedas, queimaduras e outros ferimentos”, explica Oren Shriki, pesquisador do Departamento de Ciências Cognitivas e do Cérebro da BGU. “Infelizmente, atualmente não há dispositivos de previsão de convulsões que possam alertar os pacientes e permitir que eles se preparem – só alertas para crises em tempo real”, completa.

Dani Machlis/BGU

Oren Shriki, pesquisador do Departamento de Ciências Cognitivas e do Cérebro da Universidade Ben-Gurion. Imagem Dani Machlis/BGU

O Epiness é baseado em uma combinação de monitoramento da atividade cerebral por meio de eletroencefalografia (EEG), junto com algoritmos proprietários de aprendizado de máquina. O sistema é projetado para filtrar ruídos não relacionados à atividade cerebral, extrair medidas informativas da dinâmica cerebral subjacente e distinguir entre a atividade cerebral antes de uma crise epiléptica esperada e a atividade cerebral quando não se espera que ocorra uma convulsão.

“Nossos algoritmos também permitem uma redução significativa no número de eletrodos de EEG necessários. O dispositivo que estamos desenvolvendo é preciso e fácil de usar. No momento, estamos desenvolvendo um protótipo que será avaliado em ensaios clínicos posteriormente neste ano”, conta Shriki.

O sistema foi licenciado para posterior desenvolvimento e comercialização pela NeuroHelp, uma startup fundada pela BGN Technologies, a empresa de transferência de tecnologia da BGU. “Os dispositivos de alerta de convulsões atuais podem detectar convulsões enquanto elas acontecem, e a maioria delas depende de mudanças no movimento, como espasmos musculares ou quedas. O Epiness é o único que pode prever uma convulsão iminente e permitir que os pacientes e seus cuidadores tomem ações de precaução e prevenção de lesões”, afirma Hadar Ron, presidente da NeuroHelp.

O algoritmo foi desenvolvido e testado usando dados de EEG de um grande conjunto de pessoas com epilepsia que foram monitoradas por vários dias antes da cirurgia. O melhor desempenho de predição atingiu um nível de 97% de acuracidade, com desempenho próximo ao ótimo mantido (95%) mesmo com poucos eletrodos.

Via: BGU

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital