Dia dos Avós: eles estão cada vez mais conectados

Com presença crescente no universo tecnológico, os idosos se aventuram cada vez mais por diferentes plataformas
Roseli Andrion26/07/2019 22h02, atualizada em 26/07/2019 22h07

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Depois de reservar uma viagem para São Paulo, a paraense Ana Viana, de 60 anos, decidiu pesquisar sobre a localidade. Abriu o Google Maps e estava tudo lá: restaurantes, museus, meios de transporte e outros detalhes importantes. Desde então, ela nunca mais parou de se aventurar no universo online.

Hoje, além de usar os mapas do Google, ela está nas redes sociais e se comunica com a família — principalmente os netos — pelo WhatsApp. Para conhecer melhor as ferramentas, Ana optou por buscar cursos sobre o tema. Assim, foi parar em um workshop da Vivo. “Aprendi a enviar mensagens para várias pessoas no WhatsApp”, conta. “Achei muito boa a iniciativa.”

Ela já pensa no que mais quer aprender. Uma de suas prioridades é descobrir como usar o Instagram e, assim, explorar melhor essa rede social. Além disso, ela quer saber como fazer backup de fotos e de conversas no WhatsApp. “Quero, ainda, levar minha mãe para o curso. Ela tem 83 anos e resiste bravamente à tecnologia. Só lê mensagens no ‘zap’”, conta.

Ana é o retrato de sua geração. Os avós — os conhecidos ‘pais com açúcar’ — passaram a frequentar o mundo tecnológico, em grande medida, por insistência de familiares: filhos e netos acham importante que seja possível manter contato de forma mais fácil e rápida com eles. Então, envelhecer hoje tem associação direta com a presença da internet.

A presença deles online é crescente

Várias pesquisas demonstram que a presença deles nesse universo tem se intensificado. E o uso de dispositivos tecnológicos é crescente entre eles. Um levantamento da comparadora de seguros oMelhorTrato.com, mostra que, no Rio de Janeiro, 26% dos adultos maiores de 65 anos usam redes sociais — como o WhatsApp e o Facebook — para combater a solidão ou o isolamento e estar conectado com seu contexto.

O estudo indica, ainda, que nos últimos cinco anos houve aumento de usuários de internet com mais de 60 anos – que já são mais de 30 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE. É no ambiente digital que muitos avós conversam, matam saudades, ficam próximos da família, reencontram afetos do passado, experimentam novos amores e assim por diante.

Essas conclusões são confirmadas pelo Mapeamento Tsunami Prateado: entre os 2.242 brasileiros entrevistados, somente 10% daqueles com mais de 60 anos não têm smartphone: o índice é de 96% entre os de até 64 anos e de 51% entre os de mais de 75 anos. E mais: somente 10% dos entrevistados declararam não estar em nenhuma rede social. As atividades feitas no celular incluem ligações (91%), redes sociais (81%), e-mails (64%), internet banking (60%), aplicativos de transporte (55%).

O uso de novas tecnologias é bom para essa faixa etária. Um estudo do professor Mário Miguel, do departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN), publicado em 2016, aponta que “o contato com a informática provoca o aumento do hipocampo, área do cérebro fundamental para a cognição e a memória”. Ou seja, o uso de tecnologia ajuda a estimular a mente — o que é importante em todas as idades, mas pode ser essencial para idosos.

Workshops específicos para eles

Uma pesquisa da Vivo revelou, em 2017, que a orientação desse público é fundamental para que esses usuários aproveitem melhor os recursos de seus dispositivos. “Percebemos que 70% dos contatos na agenda dos Vivo Gurus eram de clientes com mais de 60 anos”, lembra João Truran, diretor regional da Vivo em São Paulo. “Além disso, há uma recorrência de ligações e idas às lojas desses usuários.”

Por isso, a empresa criou uma série de workshops voltados especificamente para eles. Chamada de “Descomplicando a Tecnologia”, a iniciativa apresenta desde conceitos básicos de smartphones até a orientação sobre o melhor uso de redes sociais e aplicativos.

O projeto acontece, atualmente, em 170 lojas de todo o país — somente em São Paulo são 55 unidades. “Já foram mais de 3.200 turmas e mais de 8.500 participantes. Pode parecer pouco (menos de três pessoas por edição), mas isso é porque queremos dar a atenção necessária a cada participante. São, no máximo, cinco em cada grupo.”

De amanhã, sábado (27), a quarta-feira (31), idosos que estiverem em São Paulo podem participar de aulas na cidade. Elas acontecem em diferentes shoppings da capital e têm duração de 1h. Para se inscrever, o interessado pode ir até uma loja da marca ou visitar esta página.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital