Cientistas de Londres fizeram uma descoberta que levanta questionamentos sobre o os limites da vida. Isso porque criaturas misteriosas que se escondem nas profundezas do fundo do mar sobrevivem com fluxos de energia inferiores aos anteriormente imaginados para sustentar a vida.

Para se colocar em perspectiva, esses organismos existem com uma energia cerca de 50 quintilhões (bilhões de bilhões) de vezes menor que a necessária à sobrevivência dos humanos – a qual é igual à potência necessária para acionar um ventilador de teto. O estudo feito por pesquisadores da Universidade Queen Mary foi publicado na Science Advances.

“De fato, acabamos de descobrir que certas formas de vida podem ser tão incrivelmente inativas que expandiram nossa concepção de como a vida na Terra e em outras partes do cosmos pode parecer”, afirmou o cientista e principal autor do estudo, James Bradley.

Segundo ele, embora o fundo do mar seja um ambiente muito limitador de energia, contém uma grande quantidade de vida microbiana. “O número de células contidas em sedimentos submarinos globais é equivalente ao número de células em todos os solos da Terra ou em todo o oceano global da Terra”, acrescentou.

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Estudo de profundeza oceânica feito em 2014. Foto: Geoff Wheat and the National Deep Submerge Facility

Biosfera subterrânea

Os cientistas descobriram pela primeira vez a existência dessa profunda biosfera subterrânea décadas atrás, perfurando núcleos de regiões costeiras de oceanos em todo o mundo. Tais expedições revelaram que a vida, na forma de células microbianas intactas, chegou a nichos encontrados quilômetros abaixo da superfície marinha.

O modelo numérico usado pela equipe para calcular os níveis de energia para a sobrevivência das criaturas focou em como os ecossistemas digerem partículas de carbono orgânico – principalmente os restos de material morto – que submergem no fundo do mar.

“Temos boas evidências para acreditar que a oxidação do carbono orgânico, a queima dessa matéria orgânica, é a principal fonte de combustível para a vida no subsolo”, explicou Bradley. “É um sistema isolado da luz e depende da entrada desse material orgânico que afunda no fundo do mar e, em seguida, de seu enterro e deposição eventual”.

As descobertas da equipe cobrem sedimentos que datam de 2,6 milhões de anos, mas os cientistas esperam recuperar mais amostras que possam levar essa data para mais de 50 ou 100 milhões de anos.

Via: Vice