O Essential Phone é uma das grandes apostas de Andy Rubin, apontado como o criador do Android, mas o pai de um dos principais sistemas operacionais da última década ainda não desistiu de falar em software. Sua empresa também apresentou o sistema Ambient OS, que poderia vir a se transformar em uma pedra no sapato do Google.
O Ambient, no entanto, não tem como foco estar no seu futuro celular, mas sim um novo e já concorrido mercado da casa conectada, uma das principais apostas do setor de tecnologia. A ideia é garantir a interoperabilidade entre dispositivos, mesmo que tenham sido feitos por fabricantes diferentes.
Neste sentido, o Ambient é muito similar ao Android Things, um sistema do Google baseado no Android com a mesma proposta de permitir que objetos consigam se comunicar e funcionar em conjunto. E é por isso que criador e criação podem começar a entrar em conflito.
Rubin deu mais detalhes sobre o que é o Ambient. A sua meta é “ativar” a casa, entendendo o layout físico da residência, seus ocupantes e os serviços e dispositivos disponíveis para eles. Neste sentido, o sistema operacional serve como uma API, para que as coisas funcionem de forma combinada. Pense em um piscar das luzes da sala quando disparar um timer que monitora o tempo que um bolo passa no forno na cozinha.
Os desenvolvedores apontam que uma diferença que o Ambient OS tem para outros serviços que prometem recursos similares (como o IFTTT, por exemplo), é que todo o processamento pode acontecer localmente, o que dispensa a necessidade de enviar informações possivelmente delicadas pela internet para uma nuvem. O ganho de privacidade e segurança, neste caso, é imenso, já que dificulta muito a ação do cibercrime e também mantém os dados longe dos olhos de empresas como o próprio Google, que usam as informações de clientes para alavancar suas receitas com vendas de anúncios. A Essential diz que o seu sistema irá controlar os dispositivos e guardar dados localmente sempre que for possível.
Como pai do Android, Rubin foi um dos responsáveis por implantar a filosofia do código aberto, que foi um dos segredos do sucesso do sistema. E agora, ele pretende repetir a receita com sua nova empreitada, dando aos desenvolvedores de hardware a liberdade de modificação do código-fonte do Ambient OS. Isso quer dizer que cada fabricante pode ter uma visão própria do que o sistema deve ser capaz de fazer, ao mesmo tempo em que ainda há semelhanças o bastante para que tudo funcione em conjunto.
A questão é como a Essential pretende garantir que isso não crie o mesmo calcanhar de Aquiles do Android, que é a fragmentação do sistema que dificulta a distribuição de atualizações de recursos e de segurança. Em entrevista na Code Conference, Rubin disse que sua empresa tem uma solução, mas não revelou qual é.