Conheça a tecnologia que permitiu que a missão Apollo 11 fosse um sucesso

A Corrida Espacial proporcionou avanços tecnológicos gigantes que culminaram com o pouso lunar em 1969
Renato Santino20/07/2019 05h56, atualizada em 20/07/2019 17h00

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Este sábado marca os 50 anos de uma das marcas mais importantes da história da humanidade. O pouso da Apollo 11 e os primeiros passos do homem na Lua colocou um fim à Corrida Espacial protagonizada por Estados Unidos e União Soviética e trouxe também uma série de avanços tecnológicos, sem os quais a conquista jamais seria possível.

A seguir, estão algumas das tecnologias novas para a época que proporcionaram uma missão bem-sucedida.

Foguete

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Uma das principais inovações do projeto Apollo como um todo (não apenas o 11) foi desenvolver o método de rendez-vous (ou encontro, em bom português) na órbita lunar. Isso permitiu que o foguete Saturn V fosse consideravelmente mais leve e consumisse uma quantidade muito menor de combustível.

O Saturn V era um foguete enorme (111 metros de altura) de três estágios, e apenas uma parte dele chegava até a órbita lunar; as outras ficavam pelo caminho. Quando chegava à órbita, o módulo de pouso se destacava para a alunissagem, enquanto o resto da nave continuava orbitando a Lua.

Ao final da missão, o módulo de pouso decolava e se reencontrava com a nave principal na órbita e é descartado após a transferência da tripulação e outros equipamentos, e apenas a nave principal retorna para a Terra.

Para colocar esse projeto em prática, a Nasa havia testado a técnica duas vezes sem nenhum humano na tripulação, nas missões Apollo 4 e 6, realizadas em 1967 e 1968, respectivamente. Naquele mesmo ano, a agência colocaria seus astronautas pela primeira vez na órbita lunar, na missão Apollo 8.

Módulo lunar

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Por ter sido desenvolvido para operar em uma área sem atmosfera, os pesquisadores não se deram o trabalho de fazer com que o módulo de pouso na Lua tivesse um formato aerodinâmico, o que explica todos os ângulos incomuns que normalmente não são vistos em aeronaves.

O módulo foi testado algumas vezes antes da missão Apollo 11; seu primeiro teste com humanos havia acontecido na missão Apollo 9 e tornou-se parte de todas as missões seguintes.

Ele não era perfeito, no entanto, e estava sujeito a alguns erros. Nas simulações da Apollo 10, o módulo começou a girar no caminho de volta para a nave principal, mas o controle foi retomado. Já na Apollo 11, Neil Armstrong precisou tomar o controle do módulo para guiar o pouso para uma área mais segura, mas ficou com muito pouco combustível restante. E, claro, há o quase desastre da Apollo 13, no qual o módulo foi importante para a sobrevivência dos astronautas após uma série de falhas na missão.

Computadores

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Muito se fala que os computadores utilizados na Apollo 11 não eram mais potentes do que algumas calculadoras das mais simples que usamos nos dias de hoje, e isso é fato. Curiosamente, nem mesmo para os padrões de 1969 ele era o que havia de melhor, justamente porque não precisava ser: uma máquina verdadeiramente potente consumiria muitos recursos, que eram escassos para uma missão do tipo.

A máquina possuía uma memória RAM para até 2.048 palavras, o que é pífio para qualquer padrão atual, mas impressionantes para os padrões de 1969, e armazenamento não-volátil de cerca de 36 mil palavras. Ele também tinha um processador de apenas aproximadamente 1 MHz.

Mesmo assim, ele era capaz de alguns recursos importantes, como a capacidade de operar multitarefa para até 8 operações diferentes simultaneamente.

Também é importante notar que o módulo de comando e o módulo lunar tinham computadores diferentes, e suas funcionalidades permitiriam o retorno à Terra mesmo se o contato com a base fosse interrompido.

Roupas

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Cada um dos trajes espaciais usados pelos astronautas das missões Apollo foi criado sob medida, sendo necessárias 15 trajes para cada missão, segundo a NASA. Com o tempo, eles foram mudando de formato para se adequar melhor às tarefas: nas missões Apollo 15, 16 e 17, a cintura foi modificada para permitir a operação das sondas com mais facilidade e permitindo tarefas mais complexas.

As roupas incluíam uma espécie de segunda pele com tubos para circulação de água, que ajudavam a refrescar o corpo no solo lunar, e várias outras camadas de matérias como nylon, teflon e fibra de vidro que tinham como objetivo manter a pressão do ar dentro do traje e proteger os astronautas da radiação.

As luvas também eram especiais, com as pontas do dedos de silicone para permitir que astronautas sentissem os objetos que tocavam, enquanto os capacetes utilizavam um anel de pescoço que permanecia no lugar mesmo se o usuário mexesse sua cabeça. A mochila, no entanto, era provavelmente a parte mais importante de todas, já que continha o oxigênio necessário para que o astronauta respirasse em solo lunar, permitindo até 7 horas na superfície.

Câmeras

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Talvez elas não sejam tão importantes para o sucesso da missão, mas sem elas não haveria qualquer registro visual do feito, e as teorias das conspirações seriam ainda mais fortes. Curiosamente, ao longo das missões Apollo, 12 câmeras foram deixadas em solo lunar e não foram trazidas de volta por causa do peso.

As lentes usadas para fotografar a Apollo 11 foram feitas sob encomenda e com alguma urgência. A Zeiss recebeu o pedido da Nasa em 1968, apenas nove meses antes do lançamento, e o processo de desenvolvimento da lente Biogon 5.6 / 60, usada na missão foi acelerado consideravelmente graças ao uso de um mainframe que permitiu calcular os parâmetros em algumas semanas em vez de um processo manual que seria radicalmente mais demorado.

As câmeras usadas na missão deveriam ser fáceis de usar, porque, afinal de contas, os astronautas não eram fotógrafos profissionais, mas também precisavam retratar a superfície lunar com precisão. Para isso foi decidido pelo uso de uma câmera com placa Reseau, que deixava uma grade de pequenas cruzes na foto, que tem o objetivo de corrigir distorções. Se o negativo das fotos fosse deformado de algum modo, as referências cruzes permitiriam retomar as proporções originais da imagem.

Os astronautas receberam um breve treinamento para usar a câmera antes da viagem, mas também tiveram que aprender a clicar as fotos “às cegas”, já que não poderiam olhar pelo visor até por causa do capacete. Eles tiveram uma vantagem que a maioria dos fotógrafos não têm, no entanto: como as condições climáticas da Lua não mudam, eles já sabiam exatamente quais seriam a situação de luminosidade, o que permitiu levar o equipamento com a maioria das configurações já previamente ajustadas para o cenário.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital

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