A consultoria Counterpoint revelou nesta semana que a Apple perdeu, pelo menos temporariamente, o posto de segunda maior fabricante de celulares no mundo. Quem tomou o seu lugar não foi a LG, não foi a Motorola, muito menos a Sony, reconhecidas como as grandes empresas de tecnologia com presença no mercado de celulares do Ocidente. A Apple perdeu a posição para a Huawei.
O nome é pouco familiar para quem só acompanha o mercado brasileiro, uma vez que os celulares da Huawei simplesmente não chegam até nós, mesmo com 38 milhões de unidades vendidas no último trimestre. Até é possível encontrar alguns feature phones da marca no varejo brasileiro, mas os smartphones da empresa só chegam ao Brasil pela mão de importadores independentes.
Em janeiro deste ano, eu tive a oportunidade de conversar com José Patrício Moreira, diretor da Huawei no Brasil, durante a CES 2017, na qual ele revelou planos de entrar no mercado nacional com alguns aparelhos, ainda que a empresa se mostrasse altamente receosa em lidar com as dificuldades do Brasil. Nada se concretizou até então, o que é uma pena, de forma que a companhia ainda é mais reconhecida no país por seu trabalho com redes, especialmente o modem 4G USB que operadoras disponibilizavam há algum tempo.
No entanto, ela é muito mais do que isso. A Huawei tem se destacado das demais empresas chinesas por lançar alguns aparelhos que são mais do que apenas clones do que Samsung e Apple desenvolvem. Não, os smartphones da empresa têm uma cara muito própria, se destacando especialmente pela tela gigante e alto desempenho.
O maior símbolo disso é a família Mate 9, que foi um dos primeiros celulares a adotar a câmera dupla, lançado pouco tempo depois de o anúncio do iPhone 7 Plus começar a popularizar esse setup. Mesmo sem lançamento oficial no Brasil, é possível encontrar grandes comunidades de usuários e fãs reunidos em grupos de Facebook.
A Huawei também carrega a família de celulares Honor, que é operada como uma marca à parte. Aqui a empresa toma mais liberdade de design, chegando a revelar o curioso Honor Magic, que não tem comparação com nada no mercado, com apostas em inteligência artificial e uma aparência toda ainda mais curvilínea do que o Galaxy S8.
A empresa tem grandes ambições. Em 2016, executivos declararam abertamente o plano de se tornar a empresa número 1 de smartphones no planeta. No entanto, para isso, ainda existem alguns obstáculos. O primeiro deles é a Samsung: superar a Apple em unidades vendidas não é tão difícil, uma vez que a empresa acaba tendo pouca penetração em mercados menos desenvolvidos pelo alto custo de seus produtos (e a Apple nunca vai lançar um iPhone barato); o segundo é a dificuldade de entrar no Ocidente.
Para começar a sonhar com o primeiro lugar, a Huawei precisa perder o estigma de empresa chinesa para deixar de ser irrelevante nos Estados Unidos, que é onde está o grosso do dinheiro do mercado de smartphones. A empresa tem boa participação na China, Europa e América Latina (excluindo o Brasil, claro), mas precisa ir atrás do consumidor da América do Norte para tentar arranhar a popularidade da Samsung.