Que o mercado de apps gerou toda uma nova economia em torno dele, é fato indiscutível. De acordo com o portal App Annie, que monitora esse universo, apenas no último trimestre do ano passado, foram 27 bilhões de downloads, 7% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Ainda segundo o estudo, o gasto com aplicativos cresceu 20%, quebrando recorde e atingindo a cifra de US$ 17 bilhões. O Brasil, assim como os demais países emergentes, ocupa posição de destaque neste cenário – já temos mais downloads na Google Store que os EUA.

Um app conta com três etapas principais de ciclo de vida: lançamento, crescimento e retenção. É justamente esse tripé que precisa ser bem-sucedido para definir o êxito a longo prazo de um aplicativo, sendo que o maior desafio não está na conquista de usuários como muitos pensam. Mas na retenção deles.

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Segundo recente estudo que fizemos na Applift, o brasileiro tem, em média, 36 apps instalados nos seu smartphone. Desse total, um em cada quatro (25%) nunca foi usado apesar de baixado. E pior, a cada 30 dias um app perde cerca de 90% da base que acabou de criar de usuários e outros 23% do público abandonam o app logo após a instalação. Ou seja, as instalações não refletem necessariamente o sucesso de um aplicativo, nem orientam o engajamento dos usuários. E é por isso que os esforços de marketing de aplicativos vem se tornando cada vez mais focado em engajar e reter clientes. Deve-se aliar a isso a mudança de mentalidade dos anunciantes, que não querem mais apenas ser vistos, mas esperam que os anúncios se convertam em negócios gerando ROI e novas KPI’s.

Uma das alternativas para evitar essa perda de usuários é o chamado Retargeting, quando os anúncios são exibidos para usuários específicos que tenham visitado ou interagido com o aplicativo anteriormente, mas que ainda não tenham completado uma ação – por exemplo, concluir uma compra ou se inscrever em uma conta; ou ainda o bom e velho e-mail, que permite uma segmentação precisa e um melhor engajamento para trazer de volta o usuário inativo.

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Um conceito bastante usado é o de Retargeting Dinâmico, que são campanhas de publicidade mobile cujas segmentações acontecem em tempo real e se ajustam conforme as atividades de cada usuário no aplicativo. Além disso, esse tipo de mecanismo impacta usuários com perfis mais relevantes e com maior potencial de se tornarem clientes ativos, gera CTR’s (click through rate) maiores e melhora potencialmente a monetização da empresa. Essa estratégia chega a gerar três vezes mais sessões por dólar investido em relação a um usuário novo. E o CTR é 48% maior.

Além dessa, existem outras técnicas indicadas para reengajamento, como o Deep Linking, que é uma maneira que desenvolvedores de aplicativos podem linkar páginas específicas dentro do app para levar o usuário diretamente ao conteúdo promovido no anúncio, em um processo semelhante ao hiperlink; outra boa solução são as notificações via push, que aparecem na tela do usuário para notifica-lo sobre novas ofertas, eventos ou mensagens quando ele não está se relacionando de forma ativa com o app durante um período de tempo definido.

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Fato é que a realidade e o potencial do mercado de apps já vem despertando a atenção do mercado publicitário por aqui. O mercado de anúncios pagos para atração e retenção de usuários passou a movimentar mais de US$ 3 bilhões por ano no Brasil. O valor chega a US$ 4,8 bilhões em gastos com publicidade em apps na América Latina – ou seja, representamos cerca de 70% desse montante.

A plataforma de mensuração de aplicativos AppsFlyer fez uma outra pesquisa que revela o amadurecimento dos apps do ponto de vista do marketing digital. Entre 2016 e 2018, o volume de instalações não orgânicas – aquelas vindas de anúncios ou posts pagos – passou de 18% para 37%, enquanto as orgânicas caíram de 82% para 63%. Isso significa que cada vez mais os apps investem em publicidade para atrair ou reter instalações – de 2017 para 2018 houve aumento de 62% em campanhas de retargeting de usuários.

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De modo geral, as campanhas de retargeting já acontecem para desktop há muito tempo, por meio de campanhas programáticas ou anúncios pagos no qual são mostrados conforme o tipo de conexão (Wi-Fi, 3G, 4G etc). Já em mobile (apps), existem mais variáveis como a KPI (Key Performance Indicators), que usa a localização do usuário no momento em que os anúncios são exibidos a ele, e o tipo de sistema operacional (Android x iOS), por exemplo. No entanto, o retargeting no formato mobile in-app ainda é um assunto novo, mas que já começa a virar tendência e prioridade para os gestores de estratégias de crescimento e retenção de usuários de aplicativos.

O número de downloads deixou de ser o fator mais relevante para medir o sucesso de um aplicativo, meus amigos. Manter o usuário dentro dele – e fazer utilizá-lo – agora é o desafio a ser enfrentado. Como você vai encará-lo?