Nos últimos anos, os brasileiros passaram por mudanças radicais em seus hábitos de consumo, guiados por fatores como a disseminação da internet e dos smartphones no País. Hoje, já somos mais de 116 milhões de pessoas conectadas à rede mundial (segundo dados do IBGE) e há mais celulares inteligentes ativos no Brasil que habitantes, de acordo com um estudo da FGV.
Para se adaptar a esse novo comprador, cada vez mais online, o mercado imobiliário, até então avesso a grandes mudanças, abraçou a tecnologia. E não foi só na estrutura de novos empreendimentos, que agora trazem itens como infraestrutura para internet das coisas, pontos para recarga de carro elétrico ou mesmos aplicativos de smartphones que conectam moradores.
A tecnologia chegou também à forma de vender imóveis. Os tradicionais panfletos distribuídos no semáforo, anúncios de jornal e feirões perderam espaço quando o assunto é conquistar compradores. Saiu de cena o tradicional e entrou o digital, representado por ações como mídia programática, robôs de atendimento com Inteligência Artificial, redes sociais, óculos de realidade virtual e muito mais. Algumas construtoras, por exemplo, simplesmente não investem mais em mídia impressa. O motivo disso? Vejamos um levantamento feito pela Hypnobox (empresa que criou o robô de atendimento Chatbox): ao pegar uma base de 12.000 atendimentos por meio de robô, foi constatado que a conversão entre lead e venda, quando atendida por chatbot, tem uma taxa 8 vezes maior.
No centro dessa mudança radical está a Inteligência Artificial, que é cada vez mais presente na nossa sociedade. Hoje ela já permite que o consumidor tire dúvidas na hora de comprar eletrodomésticos, peça uma pizza, faça transações bancárias e inicie o processo de escolha e aquisição de imóveis, tudo isso sem falar com seres humanos. Segundo dados da consultoria IDC, os gastos mundiais com os sistemas de Inteligência Artificial e os sistemas cognitivos chegarão, em 2022, a nada menos que US$ 77,6 bilhões. Vale lembrar que a previsão para 2018 nesta área é de despesas na ordem US$ 24 bilhões, o que deixa claro o potencial dessa área.
Na hora de atender o consumidor, nada da velha ligação, recebida por uma telefonista e encaminhada para o corretor que está disponível. E não se trata de algo distante, pouco usado no país. Os robôs de atendimento já são utilizados na venda de milhares de prédios no Brasil. E como isso funciona? O atendente virtual entrevista online previamente o possível comprador e consegue, graças ao recurso de inteligência artificial, entender sua intenção de compra (e até o seu estado de humor!). Também fornece com rapidez informações como as plantas dos imóveis. E agenda visitas. Só então esse cliente é direcionado para o corretor de imóveis.
E esses robôs vão substituir as pessoas? O corretor vai perder seu emprego? Estudos do mercado imobiliário apontam que apenas 40% das pessoas que entram em contato estão realmente interessadas em falar com o corretor. Mas eles não devem substituir os humanos, mas sim nos ajudar a trabalhar apenas com as funções nas quais somos bons e necessários.
Com os robôs, é possível atender melhor o cliente e economizar o bem mais valioso para o profissional de imóveis, que é o seu tempo (esses minutos e horas ganhos resultam em novos negócios e, consequentemente, em mais dinheiro). O corretor recebe o chamado lead
enriquecido, com dados como nome, telefone, como pretende receber o contato do corretor, quanto pode pagar, quando pretende tomar a decisão…
Além disso, as informações de todo o processo de contato ficam armazenadas, alimentando um grande banco de dados (Big Data), que é essencial para entender o comportamento do cliente e impulsionar as vendas. Vale lembrar que, no processo tradicional, muitas vezes essa informação simplesmente se perdia, pois muitos corretores não inseriam esse dado no sistema, seja por falta de tempo ou mesmo de interesse.
Pode parecer estranho, mas, seja para saber onde fica a agência bancária mais próxima, seja para comprar a casa dos nossos sonhos, cada vez mais vamos conversar com robôs.