Como o Twitch se tornou o ‘gatonet’ perfeito para quem quer acompanhar Game of Thrones ao vivo

Plataforma de streaming se popularizou como a alternativa para reprodução ilícita de conteúdos na internet e agora tenta lutar contra essa reputação
Redação30/04/2019 19h13, atualizada em 30/04/2019 20h45

20190425095833

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email
Megaprojetos

Se você é fã de Game of Thrones, já deve saber que, para evitar os spoilers enquanto se navega nas redes sociais, é necessário assistir ao episódio no ato: mais precisamente, assim que ele vai ao ar na HBO. Para quem tem assinatura de TV a cabo, essa tarefa é bem tranquila. Mas se você procura um método alternativo, um site em específico tem facilitado as coisas para os espectadores: o Twitch.

Nesta plataforma – famosa por transmitir games –  as estreias da oitava e derradeira temporada de GoT são transmitidas por diversos usuários, de graça, no exato momento em que aparecem na tela da televisão. Para encontrá-los, basta navegar por alguns segundos na área “Just Chatting” do Twitch todos os domingos à noite. Foi assim com o episódio mais recente, “The Long Night”, e com o capítulo inicial, lançado na semana retrasada (e que contou com ainda mais streams).

O grande problema, no entanto, é que tudo isso é feito – obviamente – sem a aprovação da HBO. E o Twitch, com seu histórico de transmissões de conteúdo protegido por direitos autorais, pode ser muito prejudicado. A plataforma abrigou streams de partidas da Copa do Mundo de 2018, além de também possuir várias maratonas de séries de TV e filmes completos disponibilizados por usuários aleatórios.

Twitch: o “Gatonet” da web?

Com Game of Thrones não tem sido diferente. O capítulo de estreia da 8ª temporada foi reproduzido sem transtornos, em inglês, enquanto o dono do canal relaxava no canto da tela. O título trazia os dizeres “Game of Thrones season 8 premiere”, e mais de 500 pessoas estavam sintonizadas. Os espectadores pareciam bastante preocupados com a possibilidade de moderadores e administradores do Twitch descobrirem o vídeo e fecharem o canal. O criador, por outro lado, nem se deu ao trabalho de trocar uma palavra do título.

Aqueles que procuram as transmissões pirateadas têm diferentes razões para sintonizar. Alguns são assinantes do HBO Now, que lidam com o alto lag no serviço, enquanto outros apenas não querem pagar US$ 15 por mês para usar o app. Algumas pessoas só querem comentar sobre o programa em tempo real com uma comunidade específica. As pessoas pedem por uma experiência compartilhada para assistir televisão no Twitch há anos, embora ela ainda permaneça proibida.

Game of Thrones é o exemplo perfeito de um programa para o qual os serviços escusos do Twitch atendem a uma grande demanda. GoT precisa ser vivida em tempo real, para que as pessoas participem das conversas e interajam com os memes no Twitter e no Facebook – ou simplesmente sintam-se à vontade para usar a internet sem se preocupar em encontrar spoilers. Ela é diferente das séries da Netflix: os fãs têm que assistir aos episódios ao vivo.

Moderadores à caça

Hospedar conteúdo de GoT pode colocar o Twitch em maus lençóis, e, por isso, a companhia tenta ininterruptamente derrubar as transmissões piratas. No entanto, por mais que essas ações derrubem vários vídeos do ar e desencorajem os espectadores, o fluxo continua muito alto. Para cada stream que caía, por exemplo, outras três ou quatro pipocavam em seu lugar, e os moderadores pareciam não conseguir acompanhar o ritmo.

Alguns streamers fizeram um esforço considerável para não serem capturados. Na noite de estreia da 8ª temporada, um desses criadores pausava sua transmissão, minimizava o canal de vez em quando, e trocava locais de VPN para mascarar sua conexão. Ele também alternava a transmissão de GoT com imagens de uma página aleatória do Reddit, além de ter mudado o nome do vídeo para algo relacionado a Fortnite depois de ler recomendações dos usuários.

A transmissão ao vivo apresenta desafios de moderação muito maiores que os vídeos padrão sob demanda. As plataformas não conseguem, na maioria das vezes, reconhecer automaticamente um material novo, pois é improvável que ele tenha sido catalogado em um banco de dados de verificação de direitos autorais. Isso significa que os moderadores humanos identificam as transmissões conforme eles as encontram. Não é como se eles estivessem ignorando o problema: a questão é que muitas pessoas estavam reproduzindo o programa no mesmo horário.

Existem apenas alguns episódios antes do gran finale de Game of Thrones, mas o Twitch deve continuar convivendo com a hospedagem de conteúdo protegido por direitos autorais até lá – e posteriormente também. À medida que mais redes começam a lançar seus próprios serviços pagos de streaming, que deixam as pessoas sem acesso a programas populares, essa “má reputação” do Twitch pode, inclusive, vir a aumentar. E a moderação humana pode não conseguir aguentar o tranco.

Fonte: The Verge

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital