Como o Google resolveu ‘fechar a mão’ e cortar custos com o Pixel 4

Empresa optou por remover recursos que foram importantes nos modelos anteriores e que eram marca dos aparelhos da empresa
Renato Santino15/10/2019 22h52, atualizada em 15/10/2019 23h15

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O Google anunciou nesta terça-feira (15) o Pixel 4 e o Pixel 4 XL, durante o evento Made By Google, seus mais novos smartphones tops de linha. Os aparelhos custam a partir de US$ 800 e US$ 900, respectivamente, o que os coloca numa faixa de preço bastante alta. Isso torna ainda mais impressionante o tanto de custos que o Google decidiu cortar com o aparelho.

Em comparação com o Pixel 3, a empresa decidiu implementar uma série de mudanças que parecem hostis ao consumidor com o lançamento do Pixel 4. São alterações que afetam negativamente o custo-benefício do aparelho, mas certamente ajudam o Google a aumentar sua margem de lucro com cada unidade vendida de seus celulares.

Nada de armazenamento na nuvem

Desde o primeiro Pixel, lançado em 2016, a empresa bate na tecla da fotografia. O Google sempre acertou a mão nas câmeras dos celulares e, para tornar o pacote ainda mais interessante, sempre permitiu que as imagens fossem enviadas para o Google Fotos sem perda de qualidade. Com o Pixel 1, todas as fotos tiradas com o aparelho seriam armazenadas sem compressão para sempre, mas com o tempo, essa oferta diminuiu: com o Pixel 2, só as fotos tiradas até 2021 seriam armazenadas com qualidade máxima, e o mesmo prazo vale para o Pixel 3, que teria a função desabilitada a partir de 2022.

No entanto, com o Pixel 4, a empresa mudou completamente de estratégia. Em vez de oferecer armazenamento grátis na nuvem para fotos tiradas com o celular, o Google decidiu oferecer três meses de assinatura grátis do Google One, o novo serviço de armazenamento em nuvem.

Não é difícil entender a lógica por trás da mudança. Em vez de gastar dinheiro para armazenar dados de clientes por um tempo indeterminado e gratuitamente, o Google optou por direcionar o público para sua plataforma paga, o que é, obviamente, muito mais rentável para a companhia. Para o consumidor, no entanto, uma vantagem óbvia do Pixel sobre a concorrência se perdeu.

Nada de fones de ouvido

Essa não foi a única forma do Google cortar custos com seus novos celulares. A empresa também decidiu não fornecer qualquer tipo de equipamento de áudio com o smartphone, o que significa que não há fone de ouvido na caixa, nem sequer um adaptador USB-C para quem quiser aproveitar seu fone com saída de 3,5 milímetros no aparelho.

Assim, o usuário se vê diante de uma situação em que provavelmente vai ter que gastar mais dinheiro além do que já gastou no celular, uma vez que fones que se conectam diretamente à entrada USB-C ainda são raros. Ele precisará comprar um adaptador para o seu fone P2 tradicional, comprar um fone USB-C novo ou então seguir o caminho sem fio e optar por um dispositivo Bluetooth.

Essa é uma mudança curiosa. O Google nunca precisou fornecer fones de ouvido na caixa até o Pixel 3; foi quando a empresa eliminou de vez a entrada de fones de 3,5 mm do aparelho. O Pixel 1 e o 2 ainda tinham a porta redondinha para os fones, o que permitia que a maior parte dos equipamentos de áudio fossem usado normalmente com o celular. Com o Pixel 3, o Google ainda fornecia o adaptador para quem quisesse usar um fone antigo.

A mensagem aqui é clara: o Google não quer incentivar o uso de fones com fio, sejam eles USB-C, sejam eles P2 com adaptadores. Não por acaso, a empresa também anunciou a nova geração dos Pixel Buds, que chegam ao mercado só no ano que vem.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital