Como o fenômeno ‘fogo de santelmo’ pode proteger aviões de raios

Cientistas do MIT reproduziram descarga do fenômeno em laboratório para alterar as cargas elétricas de um modelo de asa de avião
Redação20/08/2020 18h14

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Durante tempestade intensas de raios, as extremidades mais altas de estruturas condutoras de eletricidade, como mastros de navios e torres de telefonia celular, podem apresentar um brilho com aspecto azul, conhecido popularmente como “fogo de santelmo”. O fenômeno despertou o interesse de cientistas do MIT que estudam como descargas elétricas podem afetar aeronaves.

Em pesquisa publicada recentemente na revista Journal of Geophysical Research: Atmospheres, os estudiosos reproduziram o fogo de santelmo em laboratório para alterar as cargas elétricas de um modelo de uma asa de avião. Eles investigam a hipótese que o processo pode diminuir a probabilidade de aeronaves serem atingidas por raios ao atravessarem tempestades.

Apesar do nome, o fogo de santelmo (ou descarga de corona) não corresponde a um incêndio: trata-se de uma descarga elétrica provocada por um campo suficientemente intenso para promover a ionização do ar. O processo induz a excitação de gases carregados, que emitem fótons responsáveis pelo brilho do fenômeno.

A cor das ‘chamas’ depende do tipo de gás que é ionizado. Uma vez que a atmosfera da Terra contém principalmente nitrogênio e oxigênio, o brilho assume as cores azul ou violeta.

Reprodução

Fogo de santelmo observado de uma cabine de avião. Imagem: Creative Commons

Embora ainda sejam necessários mais estudos para confirmar a suposição dos cientistas, os experimentos indicaram que o fogo de santelmo é eficaz para promover as mudanças nas cargas dos veículos. Além disso, os resultados mostraram que rajadas de ventos afetam de forma diferente o fenômeno em corpos suspensos no ar e estruturas conectadas ao solo.

Procedimento

Desde 2018, a coautora da pesquisa, Carmen Guerra-Garcia trabalha para desenvolver um sistema capaz de ajustar a carga elétrica do avião para reduzir a probabilidade do veículo ser atingido por um raio. A cientista explica que quando a aeronave está no meio de uma tempestade, o avião emana dois canais ionizados, um com carga positiva e outro com carga negativa.

A proposta do novo estudo foi usar o fogo de santelmo para modificar artificialmente as cargas das aeronaves. Eles construíram um modelo de asa de avião de madeira revestido por materiais condutores e posicionaram o objeto em um pedestal isolado. Na sequência, os cientistas geraram uma descarga de corona no protótipo. O processo resultou em uma chama luminosa que emitiu íons positivos.

Em seguida, os pesquisadores expuseram a asa do avião a rajadas de ventos crescentes. O estudo observou que, conforme o aumento da força das rajadas, a intensidade da descarga de corona na asa do avião decai e vice-versa. Trata-se de uma lógica diferente do que acontece com estruturas ligadas ao solo, em que quanto mais forte as rajadas de vento, maior o brilho do fogo de santelmo.

Método Eficaz

Em entrevista ao ArsTechnica, Guerra-Garcia disse que o experimento mostra que, apesar de algumas limitações, é possível carregar um objeto isolado, como uma aeronave, usando descargas de fogo de santelmo. “Para fins práticos, pode haver melhores formas de carregar [um avião], mas este estudo demonstra a ideia de usar a emissão de carga para essa finalidade”, disse a cientista.

Ela afirma ainda que investigar novos meio de proteger aeronaves contra a atividade de descargas elétricas é importante ao passo que ainda há poucas informações sobre os possíveis impactos desses eventos meteorológicos sobre tecnologias recentes de veículos aéreos, desde drones até aeronaves elétricas.

Via: Arstechnica

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital