Faz sentido continuar a promover eventos ao vivo na época do streaming, dos Hangouts do FaceTime e da realidade virtual? E, se esses eventos continuarem a existir, como eles se adaptarão a essas tecnologias? Essa foi uma das questões debatidas no palco principal da Campus Party 2016 hoje.

Juliano Lissori, Diretor Geral da empresa de eventos MCI Brasil, foi o palestrante que discutiu o assunto, com o auxilio de campuseros voluntários que foram chamados da plateia para participar da conversa. Lissori ressaltou que a indústria de eventos no brasil movimenta R$ 200 bilhões por ano, e a sua eventual decadência teria consequência para as indústrias de viagem e turismo também.

Conectados e à distância

De acordo com o depoimento de uma professora que participou do debate, a tecnologia pode promover uma interação mais próxima entre docentes e alunos que as aulas presenciais. Num ambiente virtual, alunos mais tímidos podem se sentir mais à vontade para expor suas dúvidas e solicitar explicações mais aprofundadas.

A interação por meio de plataformas digitais não implica, para ela, frieza ou ausência de emoções. No entanto, as formas de se demonstrar emoções no meio digital são bastante diversas das que utilizamos no nosso dia-a-dia, e é necessário algum tipo de adaptação para que os indivíduos consigam se expressar emotivamente nesse meio.

Excesso de virtualidade

Não existe algo de contraditório no fato de que um evento sobre tecnologia seja realizado presencialmente numa época em que é possível organizar debates, discussões e jogos em ambientes virtuais? Para os campuseros, isso não é uma questão. Tanto o uso da tecnologia quanto a convivência no ambiente do evento fazem parte da Campus Party.

Segundo um dos campuseros, a vivência em grupo é uma espécie de participação de uma família. Poder passar o tempo de duração do evento em barracas de camping com outras pessoas com interesses semelhantes é parte complementar da experiência, e oferece uma espécie de “reação ao excesso de virtualidade que existe no mundo”.

Amor entre humanos e robôs

Assim como os meios virtuais podem favorecer os alunos tímidos no aprendizado, pessoas tímidas também podem encontrar neles um ambiente mais favorável para seus relacionamentos pessoais. Isso é, de certa forma, o que aplicativos como o Tinder e o Happn oferecem, segundo Lissori: um espaço mais “seguro” no qual pessoas possam buscar e demonstrar afeto.

O “exagero” que o filme Her apresenta – o de uma pessoa que se apaixona por um programa de computador – ilustra bem essa situação. No entanto, ilustra também o impasse que ela levanta: ainda que os meios de comunicação virtual possam auxiliar a troca de carinho, eles não são capazes de oferecer tudo que uma experiência presencial oferece.